Título: Ministro não aconselha mudar carro para gás
Autor: Goy, Leonardo., Marques, Gerusa
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2007, Economia, p. B5

Ritmo de conversão dos motores continua forte, apesar do risco de o preço subir e de faltar combustível

Apesar de negar a crise no abastecimento, o governo decidiu desestimular o uso de gás natural veicular (GNV) nos automóveis. O ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, desaconselhou ontem a troca do combustível dos carros e afirmou que a prioridade do governo é o fornecimento para as usinas termoelétricas. ¿Trata-se de uma questão de segurança energética para o País. Eu não aconselharia (a conversão)¿, disse ele.

O governo, segundo o ministro, também considera necessário garantir o suprimento de gás para a indústria e manter o abastecimento dos veículos, mas para os que já rodam com GNV. ¿Não poderíamos abandonar aquelas pessoas que, de boa fé, transformaram seus veículos para rodar com gás. O governo tem uma responsabilidade com eles.¿

Hubner reforçou o entendimento de que, neste momento e diante das dificuldades no fornecimento do produto a partir de 2011, não é aconselhável estimular a conversão de motores. Ao contrário, ele alertou para a possibilidade de adoção de medidas para desestimular o uso do gás em automóveis.

O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, afirmou que ¿o uso do gás natural em veículos não é o melhor para esse combustível¿. Mas ressaltou que essa não é uma responsabilidade da empresa. ¿A Petrobrás não vende GNV, vende gás para as distribuidoras que vendem o GNV para os postos.¿

Gabrielli afirmou que a decisão da distribuidora do Rio de Janeiro, a CEG, de cortar parte do abastecimento de GNV na semana passada foi ¿política¿. ¿A empresa tinha alternativa de cortar em outros lugares¿, disse.

A Petrobrás reduziu o fornecimento de gás para as distribuidoras do Rio e de São Paulo a fim de liberar gás para as termoelétricas produzirem eletricidade, por causa do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas.

¿Não dá para continuar expandindo esse segmento de transporte¿, disse o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, lembrando que o álcool é nacional e renovável. ¿Subsidiar uma fonte que é 50% importada não me parece muito lógico.¿

Apesar do risco de faltar gás e de o preço subir, os consumidores fazem conversões como nunca. Por mês, 5 mil carros são convertidos em São Paulo e, no País, 1,5 milhão já roda com GNV.

¿Para a pessoa física é agregação de salário, para a jurídica, fator de competitividade¿, disse Maurício Brazioli, da Associação Brasileira de Gás Natural Veicular (ABGNV), que reúne as oficinas de conversão. Há cerca de 1,3 mil oficinas no País, com 50 mil empregados.

¿Rodo 200 quilômetros em média por dia. Gastava R$ 50 com gasolina. Com gás gasto R$ 18, R$ 20. É vantagem ou não?¿, questionou Donizetti de Delis de Souza, técnico em eletrônica. Abandonar o gás seria ¿suicídio¿.