Título: 73,9% das estradas têm problemas
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2007, Economia, p. B11

Estudo da Confederação Nacional do Transporte mostra que situação mais crítica está nas Regiões Norte e Nordeste

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) constatou que 73,9% das rodovias do País apresentam algum tipo de problema. Na sua pesquisa anual, divulgada ontem, a CNT avaliou 87,6 mil quilômetros de estradas pavimentadas e atribuiu apenas a 26,1% desse universo as qualificações de ótima e boa.

Leia a íntegra da pesquisa

O presidente da entidade, Clésio Andrade, alertou que esse quadro é resultado da gestão deficiente do governo e do pequeno volume de recursos destinado pela União ao setor. Para a CNT, elevar a malha rodoviária do País à condição de ótima exige investimento de R$ 23,4 bilhões, sobretudo do governo federal. ¿O governo precisa reagir¿, resumiu Andrade. ¿É preciso achar fórmulas orçamentárias e de gestão criativas. A situação já compromete a perspectiva de crescimento econômico superior a 4% a partir de 2008.¿

A Pesquisa Rodoviária 2007 envolveu a análise da qualidade do pavimento, da sinalização e da geometria das estradas. As avaliações foram feitas a cada 10 quilômetros das vias. O resultado apontou diferenças mínimas em relação à pesquisa de 2006.

Neste ano, apenas 10,8% da malha pôde ser classificada como ótima e 15,6%, como boa. A qualificação regular foi dada a 40,8% das rodovias. Do universo restante, 22,1% foram tachadas como ruins e 11%, péssimas.

As Regiões Norte e Nordeste apresentaram os quadros mais críticos. No Norte, 46,8% das rodovias foram qualificadas como ruins ou péssimas. No Nordeste, esse porcentual é de 47,6%.

Na outra ponta, o Sudeste apresentou classificação de ótima e boa para 35,9% das rodovias - reflexo do processo de concessão para a iniciativa privada. Apenas em São Paulo, o Estado que mais apostou nesse modelo, 73,3% das estradas receberam a qualificação superior. Um trecho da Rodovia Washington Luiz (SP-310) foi classificado como a melhor estrada do País. A rodovia é administrada pela Centrovias, da OHL, que venceu os cinco lotes de rodovias federais no último leilão.

A análise específica das rodovias com gestão privada - um total de 10,8 mil quilômetros - mostrou que 77,6% apresentaram as qualificações de ótima e boa, 19,8% estão em condição regular e 2,6%, em situação ruim e péssima. A CNT advertiu, entretanto, que novas concessões de rodovias para a iniciativa privada e a opção pela Parceria Público-Privada restringem-se a uma extensão de apenas 8 mil quilômetros, os trechos considerados economicamente viáveis. Cerca de 65 mil quilômetros de rodovias terão de ser melhorados por iniciativa exclusiva do governo federal.

Para este ano, o governo previu apenas R$ 7,95 bilhões para esse segmento no Orçamento, dos quais só R$ 1,36 bilhão havia sido executado até setembro.