Título: Lula reúne conselho para discutir alternativas
Autor: Tereza, Irany; Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/11/2007, Economia, p. B1

Avaliação é que no médio e longo prazos pode haver problemas no fornecimento de gás

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai participar da reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), amanhã, para discutir meios de evitar que, em momentos de pico de demanda, a Petrobrás enfrente dificuldade no abastecimento de gás.

A reunião ficou definida no encontro entre Lula, ministros e autoridades do setor de energia, na noite de segunda-feira. O governo entendeu que, no curto prazo, não existe risco de apagão no fornecimento de gás natural, mas, no médio e longo prazos, poderá haver problemas.

O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, que está na Bolívia negociando novos investimentos na exploração de gás, analisará alternativas para superar esse gargalo e o impacto financeiro no orçamento da estatal.

A empresa avalia a possibilidade de transformar as termoelétricas próprias em usinas bicombustíveis, criar condições para armazenar Gás Natural Liquefeito (GNL), importar GNL, aumentar a produção na Bolívia e até adotar um acordo com a CEG e CEG-Rio, a companhia de gás do Rio, semelhante ao formalizado com a Comgás, em São Paulo. Pelo acordo, a Petrobrás banca a diferença entre o preço do diesel e o gás.

'A Petrobrás já vinha conversando com as empresas há tempos, alertando-as que o gás adicional que estava fornecendo poderia ser cortado quando as termoelétricas precisassem dele. A Comgás fez a parte dela', disse uma fonte do governo.

Na reunião, Lula quis saber por que a Petrobrás teve, na semana passada, de tirar gás das distribuidoras do Rio e de São Paulo para abastecer as termoelétricas. Uma das explicações é que, por ter pouco gás disponível atualmente, a Petrobrás estará sujeita a situações semelhantes em momentos de pico de consumo.

O governo, no entanto, avalia que o problema não é tão grave no curto prazo, já que a falta de gás só ocorreria nesses momentos de pico. 'O risco de apagão, no curto prazo, não existe. Mas, para 2011, a matriz energética pode ficar suja e as termoelétricas serem obrigadas a utilizar o diesel', admitiu uma fonte.

Apesar de a crise do gás ter suscitado novas especulações sobre o risco de apagão elétrico, Lula reafirmou que a Petrobrás não deixará de fornecer gás às termoelétricas e cumprirá o acordo fechado em maio com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Por esse acordo, a estatal se comprometeu a fornecer gás a 22 usinas térmicas. Esse compromisso resultou na demissão do ex-diretor de gás Ildo Sauer.

Sobre o gás boliviano, uma fonte do governo disse que a Petrobrás só voltará a investir no país com garantias de que os contratos serão respeitados.

O objetivo do governo é demonstrar à população que não há risco iminente de falta de gás e unificar o discurso oficial sobre as causas da crise. Na avaliação do Planalto, os problemas da semana passada tiveram repercussão maior do que deveriam - criando na opinião pública a percepção de que o país estaria prestes a viver um novo apagão energético - por uma falha na comunicação da Petrobrás.

'A comunicação da empresa com a sociedade e as distribuidoras não foi boa. Passou uma imagem negativa', disse uma fonte do governo. Outro interlocutor criticou o fato de a Petrobrás ter anunciado o corte no suprimento por meio de nota à imprensa, no início da noite da terça-feira passada. Segundo a fonte, o Palácio do Planalto só soube do problema por meio da nota à imprensa.

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