Título: Quebra da BRA fortalece domínio da TAM e da Gol no mercado
Autor: Barbosa, Mariana
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/11/2007, Negocios, p. B15
O maior concorrente às duas grandes companhias aéreas é a OceanAir, que tem apenas 2,61% do mercado
O colapso da BRA Transportes Aéreos aumenta ainda mais o poder das companhias TAM e Gol. Junto com a VRG (Nova Varig), que agora é da Gol, as duas detêm 89,7% do mercado. Para o consultor de aviação Paulo Bittencourt Sampaio, o fim das operações da BRA fortalece o duopólio, mas não é 'conseqüência' do poder de mercado de Gol e TAM. 'O problema da BRA não é o duopólio, mas incompetência administrativa', diz ele.
Na sua opinião, nem mesmo a crise do setor aéreo , que tem levado a uma redução das margens de lucro da Gol e da TAM, pode ser considerada como explicação para o fracasso da BRA. 'A crise afeta mais quem opera no Aeroporto de Congonhas e a BRA pouco dependia desse aeroporto.' A base operacional da BRA era o Aeroporto Internacional de Guarulhos.
'Os investidores entraram na BRA achando que iam se aproveitar do boom do setor e não fizeram nenhuma auditoria para ver como a empresa era administrada. Deu no que deu', diz Sampaio.
O consultor defende o fortalecimento da OceanAir para fazer frente ao duopólio. 'Precisamos de uma terceira companhia. Como não existe investidor estrangeiro querendo entrar nesse mercado e a lei também não permite mais de 20% de participação estrangeira, a OceanAir passou a ser a única opção fora do duopólio.'
Sampaio tem uma opinião polêmica. Ele acha que o governo deveria favorecer abertamente a companhia de German Efromovich. 'O governo deveria dar para a OceanAir o máximo de linhas da BRA. Só assim o Efromovich poderia chegar a 7% ou 8% e começar a incomodar o duopólio.'
A OceanAir, que em setembro tinha 2,61% do mercado, diz Sampaio, teria condições de absorver rapidamente a fatia da BRA, de 4,6%. 'Bastaria negociar os aviões que estão na frota da BRA e contratar a tripulação que está sendo demitida', afirma.
FRETAMENTO
Os problemas da BRA começaram no final de 2005, quando a deixou de ser classificada como empresa de fretamento e se transformou em companhia de vôo regular. Na categoria de empresa de fretamento, diferente das concessionárias de vôo regular como Gol e TAM, a companhia só voa com avião lotado e não tem obrigação de honrar horários e freqüências. Isso significa que a empresa pode cancelar vôos se não vender assentos suficientes. Entretanto, a BRA funcionava como se fosse regular. Vendia bilhetes diretamente ao consumidor (não apenas por meio de pacotes turísticos) e boa parte dos vôos acontecia com regularidade.
Por pressão da concorrência e do governo, em novembro de 2005 a empresa acabou se transformando em companhia regular. Mas se antes ela só decolava com mais de 90% de ocupação, quando virou regular a taxa de ocupação caiu para cerca de 70%. Desde então, sua a participação de mercado só caiu.
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