Título: Empresas têm rentabilidade recorde
Autor: Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/11/2007, Economia, p. B1
As empresas brasileiras tiveram no primeiro semestre deste ano a melhor rentabilidade da década. Levantamento feito pela Serasa, com base em 9,7 mil balanços de empresas da indústria, serviços e comércio, mostra que o indicador de rentabilidade, que mede a relação entre lucro e faturamento líquido, atingiu 6,6% no período. É o mais alto da série histórica iniciada em 2000, um ano depois que a taxa de câmbio deixou de acompanhar o regime de bandas e passou a flutuar livremente.
São várias as razões para esse bom desempenho, diz Márcio Torres, coordenador de estudos da Serasa. ¿A principal é a melhora da atividade no mercado interno, favorecida pela expansão da massa salarial, ampliação do crédito e redução dos juros.¿
Para calcular a margem de ganhos, a Serasa ajustou o lucro líquido das empresas, excluindo a equivalência patrimonial e os resultados extra-operacionais. ¿A idéia é mostrar apenas o lucro líquido gerado pela atividade-fim das empresas¿, diz Torres.
Fizeram parte do estudo da Serasa balanços de 3,2 mil empresas da indústria, 3,7 mil do comércio e 2,8 mil de serviços. Até o ano passado, o melhor índice havia sido o de 2005, quando a lucratividade média das empresas chegara a 5,5% do faturamento líquido.
No primeiro semestre de 2007, a média de 6,6% foi puxada para cima pelo resultado das empresas do setor de serviços, cuja lucratividade representou 9,9% das vendas brutas, descontados os impostos. É o terceiro ano consecutivo em que os serviços lideram em margem de lucratividade. Em 2006, esse indicador atingiu 7%.
¿O setor de serviços foi o que mais se beneficiou do fortalecimento do mercado interno¿, diz Torres. ¿Quando a indústria e o comércio vão bem, usa-se mais energia elétrica, telefone, internet e transporte de cargas.¿
Foram as prestadoras de serviços públicos que tiveram maior rentabilidade entre as empresas do setor no semestre. No segmento de energia, a margem atingiu 18,1%. Além do efeito da valorização do real ante ao dólar, que ajudou a diminuir o custo financeiro de dívidas em moeda estrangeira, o consumo de energia aumentou e as empresas adotaram melhores práticas de gestão.
¿O Brasil precisa de mais capacidade instalada de geração de energia elétrica e quem investe nessa área consegue ganhar fatias de mercado¿, diz António Martins da Costa, diretor-presidente da Energias do Brasil, controladora da Bandeirantes, Escelsa e Enersul. Ele conta que o grupo investiu R$ 3 bilhões em geração de energia nos últimos dois anos. ¿Temos de correr atrás da demanda, porque ela tem crescido muito mais rápido que a oferta.¿
Até setembro, o consumo de energia nas regiões abastecidas pelas três distribuidoras do grupo cresceu 4% ante igual período do ano passado. ¿O consumo de energia é um bom termômetro do crescimento¿, diz Costa.