Título: Alimento contaminado causa 1,8 milhão de mortes por ano
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/11/2007, VIda&, p. A27
Segundo a Organização Mundial da Saúde, que fez a estimativa, 200 casos de fraude são registrados no mesmo período
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que cerca de 1,8 milhão de pessoas morrem no mundo por ano exclusivamente por causa da ingestão de bebidas e alimentos contaminados. De acordo com a entidade, pelo menos 200 casos de fraude e contaminação de grandes proporções são identificados a cada ano nos vários continentes, a exemplo do escândalo envolvendo leite longa-vida integral adulterado, revelado pela Polícia Federal há duas semanas. No caso brasileiro, porém, não foi identificado risco grave para a saúde.
Para a OMS, é evidente que a incapacidade dos países para assegurar plenamente a segurança dos alimentos está se agravando. Segundo a agência da ONU para a Saúde, questões como globalização do comércio de alimentos, urbanização, mudanças no estilo de vida, degradação ambiental, contaminação deliberada e desastres naturais estão incrementando os riscos do consumo, contrariando a expectativa de que avanços consolidados na tecnologia garantiriam produtos melhores.
¿A produção de alimentos está mais complexa, gerando maiores oportunidades para a contaminação e o aumento de doenças¿, alerta a organização.
As contaminações não ocorrem apenas nos países emergentes, como o Brasil. Nos países ricos, uma a cada três pessoas adquire uma doença decorrente da alimentação a cada ano. Nos Estados Unidos, os alimentos geraram 325 mil hospitalizações, 5 mil mortes e 76 milhões de incidentes apenas em 2005.
Alguns dos maiores casos nos EUA ocorreram com produtos industrializados. Em média, contaminações e fraudes nos alimentos custam US$ 35 bilhões por ano apenas para a economia americana. Em 1994, por exemplo, cerca de 224 mil pessoas foram seriamente contaminadas por consumir uma marca de sorvetes.
Nos países em desenvolvimento, a OMS estima que o problema seja ainda mais sério, já que, além dos eventuais problemas com os alimentos vendidos, a água usada para prepará-los nem sempre está em condições adequadas. O resultado é um número de mortes desproporcional ao custo de tomar medidas para evitá-las.
Em um recente documento interno preparado por especialistas da OMS para debater uma estratégia de reforçar a qualidade dos alimentos, a entidade sugere que ¿todas as tecnologias disponíveis¿ sejam usadas pelas empresas, como pasteurização, irradiação de alimentos e fermentação.
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