Título: Governo Lula estimulou o uso do gás natural
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/11/2007, Economia, p. B4

As recentes declarações do Ministério de Minas e Energia (MME) e da Petrobrás pregando o desestímulo ao uso do gás contradizem as políticas estatais para o setor no início do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2003, ao apresentar o primeiro planejamento estratégico da gestão petista, o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, na época ocupando a diretoria financeira, afirmou que uma das metas da companhia era estimular novos consumos para o combustível e incrementar as vendas de gás natural veicular (GNV).

¿A Petrobrás objetiva a disponibilização de gás em áreas do Brasil ainda não atendidas, ou onde o potencial de consumo ainda não foi plenamente alcançado. Finalmente, num horizonte mais longo, continuaremos buscando novas utilizações para o produto e incrementaremos o mercado de gás veicular¿, disse Gabrielli, ao explicar os planos da companhia para o setor em conferência telefônica com analistas do mercado.

Na época, a Petrobrás elaborava o Plano de Massificação do Gás Natural, que previa, entre outras coisas, o estímulo aos eletrodomésticos movidos ao combustível, como aparelhos de ar-condicionado e geladeiras.

Quarta-feira, já sob os impactos da crise de abastecimento, Gabrielli afirmou que ¿o uso do gás em veículos não é o melhor para esse combustível¿. No mesmo dia, o ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner, já havia alertado aos consumidores quanto aos riscos de converter seus veículos para o GNV. ¿A gente pode ter uma política no sentido de, ao menos, não expandir muito fortemente a questão do GNV. É uma alternativa que está sendo estudada.¿ A mudança de rumos já ganhou, entre críticos do governo, a alcunha de ¿estelionato do gás¿.