Título: Analistas não vêem ideologia
Autor: Marchi, Carlos
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/11/2007, Economia, p. B10
Brasileiro quer serviço de qualidade com preço baixo
Não há nada ideológico no posicionamento dos brasileiros contra as privatizações - trata-se de reivindicar eficácia nos serviços e tarifas razoáveis, avaliou a analista de pesquisas Fátima Pacheco Jordão, da FPJ-Fato, Pesquisa e Jornalismo. Ela apontou que a pesquisa Estado/Ipsos mostrou uma posição consistente contra as privatizações em todas as variáveis pesquisadas, que é mais evidente nos grupamentos e regiões mais dependentes da mão forte do Estado.
Fátima indicou que no Nordeste, região mais carente dos benefícios do Bolsa Família e outros programas sociais do governo, historicamente acostumada a receber subsídios governamentais, a posição contra as privatizações é mais elástica (73%) e a posição a favor é bem mais modesta (16%) que a das outras regiões. Os números se repetem nos grupamentos de mais baixa renda para confirmar a tese, lembrou ela.
A repercussão dos maus serviços e altas tarifas são contornáveis no plano econômico, comentou Fátima, mas seguem sendo extremamente delicados no plano político-eleitoral. ¿Para privatizar, um governante terá de tomar cuidados especiais, como fez agora o presidente Lula ao anunciar a privatização de estradas¿, disse ela. No caso, o governo Lula alardeou ter conseguido tarifas baixíssimas de pedágios no leilão dos trechos privatizados, o que soou mais adequado para o público.
Ela lembrou, no entanto, que nas eleições presidenciais do ano passado, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) esquivou-se de aprofundar o debate sobre as privatizações feitas nas gestões do tucano Fernando Henrique. Ela relembrou que, há alguns anos, uma pesquisa do Idec apontou que as empresas concessionárias de serviço público se preocupam muito com o negócio e se esquecem de adotar providências que melhorem a qualidade do serviço prestado ao consumidor final.
O cientista político Marcus Figueiredo, do Iuperj, anotou que a pesquisa pareceu transmitir um recado da sociedade brasileira: não haverá objeções às privatizações se os serviços prestados forem bons e se o Estado se dispuser a ser guardião da sociedade, para garantir que as concessionárias funcionarão bem e não cobrarão tarifas extorsivas. ¿Não há leitura antiprivatizações ou pró-estatismo¿ salientou.
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