Título: Lula sugere à ONU grupo paralelo para mediar crises
Autor: Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/11/2007, Nacional, p. A9

Presidente critica posição dos EUA, que são `atores¿ e mediadores em vários conflitos internacionais

Diante dos obstáculos em conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs ontem ao secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, a formação de um grupo paralelo para mediar crises internacionais.

Em almoço no Palácio do Itamaraty, Lula observou, de acordo com relato de participantes, que os Estados Unidos são ¿atores¿ de muitos desses problemas mundiais, mas também atuam como mediadores, na tentativa de encontrar soluções para esses conflitos.

Lula sugeriu a idéia de que a ONU receba consultoria e ouça ¿novos atores¿. Ao comentar a crise no Oriente Médio, o presidente disse que países como Brasil, África do Sul e Índia podem ajudar na busca de uma solução, pois as três nações têm excelentes relações com Israel e, também, com o mundo árabe.

Ki-moon ouviu a proposta do presidente brasileiro demonstrando atenção e tomando notas. Numa entrevista após o almoço, o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, limitou-se a dizer que, para o governo brasileiro, é preciso ter novos personagens na cena internacional. ¿Quem não tem interesse direto (nos conflitos) pode ir com idéias novas¿, disse.

RELATO

No almoço, Lula ainda fez um relato da Cúpula de Países Ibero-Americanos, realizada na semana passada, em Santiago, no Chile. Mencionou, sem entrar no mérito, o bate-boca do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, com o primeiro-ministro espanhol, José Luis Zapatero, e o rei da Espanha, Juan Carlos, depois que o venezuelano criticou o ex-primeiro-ministro José María Aznar.

Amorim informou que o secretário-geral da ONU sugeriu a Lula a participação do Brasil em uma eventual missão de paz em Darfur, no Sudão, onde os conflitos internos já mataram mais de 400 mil pessoas e causaram êxodo de mais de 2 milhões. O Itamaraty, até agora, tem mantido distância do problema.

Ki-moon fez a sugestão após ter ficado impressionado com o número de helicópteros sobrevoando a cidade de São Paulo - os quais, segundo ele, poderiam ser utilizados em missões de paz. ¿A gente teve de explicar que os helicópteros são privados, como a maioria das coisas no Brasil¿, contou Amorim.

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