Título: Ex-líder guerrilheiro vence em Kosovo
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/11/2007, Internacional, p. A9

Thaci, que terá de fazer aliança com governistas, promete declarar independência da província sérvia em dezembro

Pristina

O opositor Partido Democrático do Kosovo (KDP), do ex-líder guerrilheiro Hashim Thaci, venceu ontem as eleições legislativas na província sérvia. Thaci, que deverá ser o próximo primeiro-ministro, manteve a promessa de acelerar o processo de independência da província.

Observadores internacionais afirmaram que o partido de Thaci recebeu 35% dos votos, contra 22% da governista Liga Democrática do Kosovo (LDK). Como não conseguiu a maioria absoluta dos votos, Thaci terá de fazer uma grande aliança com os outros partidos políticos, incluindo o LDK, e formar um governo de coalizão.

O fato de o KDP não ter obtido maioria não vai atrapalhar os planos de Thaci de declarar formalmente a soberania em relação à Sérvia após 10 de dezembro - data final estabelecida pela ONU para que albaneses e sérvios cheguem a um consenso. O governista LDK, segundo colocado nas eleições, não se opõe à independência.

O cientista político kosovar Ilir Dugolli disse que Thaci deve tentar um acordo com comunidade internacional sobre uma data para proclamar a independência, provavelmente em março. Apesar de ainda pertencer à Sérvia, Kosovo tem sido administrado pela ONU desde 1999, quando a Otan expulsou as forças sérvias da província.

Analistas acreditam que Thaci cumprirá sua promessa - se demorar para declarar a independência, ele corre o risco de passar um recado à Sérvia de que ela pode voltar a controlar a província, como ocorria antes.

Os principais partidos de Kosovo - cuja maioria da população (92%) é albanesa - querem a independência, mas enfrentam uma grande oposição da Sérvia, que oferece uma autonomia nos moldes da de Hong Kong. A próxima rodada de negociações acontecerá amanhã, em Bruxelas. Os sérvios de Kosovo (5% dos habitantes) boicotaram a votação para não dar legitimidade aos independentistas. Na eleição, que teve abstenção recorde de 45%, estavam em jogo 120 cadeiras no Parlamento, além dos cargos de prefeitos e vereadores. AP, EFE E REUTERS

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