Título: Simon combina saída de comissão e ajuda governo
Autor: Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/11/2007, Nacional, p. A6

Senador gaúcho alega que foi forçado a se ausentar da CCJ por ser contra a CPMF, mas houve acordo

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) foi pivô ontem de uma manobra que garantiu ao Palácio do Planalto um voto a mais pela prorrogação da Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado.

O Estado apurou que a substituição do senador gaúcho pelo líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), foi um jogo combinado. Simon pediu para ser substituído temporariamente na comissão. Em conversas com líderes do PMDB, ele alegou que não poderia votar pela aprovação do tributo.

Simon deixou a comissão dizendo-se vítima de um manobra do rolo compressor do governo - alegou, mais tarde, que votaria contra a proposta em plenário. Na prática, porém, permitiu que fosse substituído por um voto certo a favor da CPMF.

Já o senador Jefferson Péres (PDT-AM) se ausentou na votação. Ele advertiu que poderá votar contra a CPMF no plenário, caso o governo não apresente uma proposta objetiva de contenção de gastos, mas decidiu dar um aceno favorável ao governo. Péres frisou que a proposta apresentada à base aliada não lhe agrada. ¿Mas vou dar um crédito ao governo.¿

COBRANÇA

O afastamento de Simon foi cobrado na comissão pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), que não aceitou as explicações apresentadas por Raupp, de que Simon estaria ¿em dúvida¿ sobre o futuro da CPMF. ¿Não acredito que um homem que foi ministro da Agricultura e é senador há 500 anos não tenha opinião clara sobre a CPMF¿, disse.

O gabinete de Simon divulgou a versão de que ele tinha sido forçado a deixar a CCJ, em represália à suposta intenção de votar contra a CPMF. Ninguém explicou, no entanto, por que não houve a troca do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que em nenhum momento deixou dúvidas sobre a sua posição contrária ao imposto do cheque. Simon não foi encontrado para explicar sua posição.

Pouco depois da cobrança no plenário da CCJ, Virgílio leu uma nota em que o Simon prestava esclarecimentos ¿diante de informações e versões desencontradas sobre o episódio¿. O senador gaúcho afirmou que, tendo avisado aos líderes que votaria contra a permanência da CPMF, foi informado que a bancada do PMDB ¿decidira votar favorável e substituir quem se declarasse contra¿.

Simon alegou, ainda, que se posicionará contra a proposta de prorrogar a CPMF ¿quando da votação definitiva no plenário do Senado¿. O balanço político da manobra foi este: o senador permitiu o voto favorável à CPMF no plenário da CCJ, em que as dificuldades do governo eram maiores e mais urgentes.