Título: Senador quer votar caso em plenário dia 22
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/11/2007, Nacional, p. A9

Ele pretende evitar que sua sucessão na presidência do Senado seja antecipada e deve prorrogar licença

O presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), está trabalhando nos bastidores para que a denúncia por uso de laranjas na compra de duas rádios e um jornal em Alagoas seja votada em plenário no dia 22. Informado de que será derrotado no Conselho de Ética, que examinará hoje o caso, ele articula apoios no plenário. A representação deverá passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no dia 20.

O grupo mais próximo do senador avalia que os demais processos - incluindo o caso Schincariol, que também será analisado hoje -, são inconsistentes e devem ser encerrados no conselho. Ainda assim, a idéia é evitar que a sucessão à presidência do Senado seja antecipada. Mesmo na expectativa de ser inocentado em plenário, Renan cogita prorrogar a sua licença do cargo pelo período que for necessário para conduzir a sucessão no PMDB. Os 45 dias de licença se encerram no dia 26.

TÉRMINO

¿Ninguém agüenta mais esse assunto. No que depender de mim, isso se encerra o quanto antes¿, afirmou Renan, a um dos senadores com quem falou ontem. Ele passou a manhã em seu gabinete pessoal, operando para evitar que seus adversários reúnam 41 votos em favor de sua cassação. Consumiu boa parte do tempo com ligações para senadores aliados e de oposição que foram escalados para uma viagem oficial à Organização das Nações Unidas (ONU).

Como as atividades na ONU se estenderão até o final do mês, o senador alagoano pediu a vários interlocutores que antecipem o regresso ao Brasil, para que estejam presentes à sessão de julgamento, na quinta-feira da próxima semana. O apelo aos colegas é um claro sinal de que ele não tem intenção de esvaziar o plenário para adiar a votação do seu processo.

A todos com quem conversou, Renan contou que refez as contas do prejuízo político que teria no caso de cassação do mandato e se assustou. ¿Olhe o absurdo! A punição seria de 15 anos fora da político¿, repetiu ele a vários interlocutores.

A contabilidade inclui os três anos e três meses que lhe restam de mandato, os oito anos que ficaria proibido de se candidatar a partir do término do mandato atual e os quatro anos que teria de esperar até as próximas eleições gerais.