Título: Campos do Jordão: favela sem água e luz
Autor: Menocchi, Simone
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/11/2007, Metropole, p. C3

Justiça manda suspender serviços para barracos em área ambiental

O juiz Gustavo Dall¿ Óllio, da 1ª Vara Cível, determinou o corte de energia elétrica e da água que abastece 120 casas da Vila Cachoeirinha, construídas em área de risco, em Campos do Jordão, a 175 quilômetros de São Paulo. A ordem foi dada à Sabesp, que fornece a água, e à Elektro, concessionária de energia, para ser executada a partir de hoje.

Na decisão divulgada na semana passada, o juiz considera que foram feitos exaustivos alertas sobre a desocupação da área que, além de particular e de alto risco, é de preservação ambiental permanente. A vila, que tem 250 casas em locais perigosos e de difícil acesso, é um dos cinco bairros nos morros onde as construções - geralmente de madeira, madeirite e folhas de zinco - foram erguidas sem permissão da prefeitura em locais perigosos.

Basta olhar para o lado esquerdo, na principal avenida de entrada da charmosa cidade turística, na Serra da Mantiqueira, para notar o crescimento desordenado nos morros, que hoje abrigam cerca de 3.600 pessoas. Nenhuma favela fica no complexo turístico, concentrado no bairro Capivari, mas não é preciso observar muito para notar as moradias clandestinas, erguidas em terrenos de alto risco de deslizamento.

Além de ficar sem luz e água, os moradores da Vila Cachoeirinha temem a demolição dos barracos. ¿Não consigo mais dormir, moro aqui há tantos anos e não tenho para onde ir¿, conta a dona de casa Francinete da Silva.

A notícia chegou aos moradores por meio de um aviso da Elektro, no dia 1º deste mês. Desde então, eles se uniram para pedir ajuda ao Executivo e ao Legislativo municipais. Sem conseguir conter as lágrimas, Francinete tem esperança de que a Justiça reconsidere o pedido. ¿Eu queria pedir pro juiz e até pro presidente Lula pra gente ficar aqui dignamente. Se tivesse para onde ir, não passaria por essa humilhação.¿

Moradores questionam a ajuda recebida da prefeitura, que cedeu 90 lotes no bairro Céu Azul, para serem pagos em cem parcelas de R$ 23. ¿E como vamos construir? Onde vamos pôr toda essa gente¿, questionava, indignado, o cozinheiro Tiago Pereira, morador do bairro.

O Departamento de Assistência Social da cidade informou que as casas serão construídas pelos próprios moradores por meio de mutirões e o material de construção poderá ser financiado pela Caixa Econômica Federal. ¿Todos terão assistência¿, garante o responsável pelo departamento, Pedro Carlos Rodrigues. ¿Pra quem não tem emprego, a prestação é alta¿, rebatem os moradores.

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