Título: Estrangeiro teme disputa desleal
Autor: Marques, Gerusa., Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/11/2007, Economia, p. B6
Para analistas internacionais, investimentos podem cair
A reforma da Lei Geral do Petróleo, com mudança nas regras para exploração de campos no País, pode desacelerar os investimentos estrangeiros no setor, de acordo com analistas estrangeiros. Para Roger Tissot, responsável por América Latina na PFC Energy - consultoria de Washington que assessora potenciais investidores e governos -, a decisão de reformar a lei é decepcionante, mas não surpreende.
¿O governo brasileiro preferiu aumentar a fatia da Petrobrás nos lucros da exploração, em vez de manter condições de igualdade para empresas estrangeiras, aumentando, assim, os investimentos no setor¿, disse Tissot. ¿No caso, a mensagem é: as empresas estrangeiras são bem-vindas no Brasil, desde que o melhor pedaço fique para a Petrobrás.¿
Segundo Tissot, dependendo do teor das novas regras, os investidores estrangeiros podem hesitar em fazer investimentos no País, diante de ¿competição desleal¿ da Petrobrás. Para ele, essa não é, necessariamente, a maneira mais eficiente de se explorar petróleo no Brasil, nem é a forma que beneficiará a economia com fornecimento garantido de petróleo mais barato.
SEMELHANÇA
Para Tom Coleman, vice-presidente da Moody¿s responsável por indústria do petróleo, a mudança de regras cria incerteza, o que desestimula investidores estrangeiros. ¿Não sei ao certo qual será o escopo das mudanças, com certeza não será como a expropriação que ocorreu na Bolívia, mas qualquer alteração gera instabilidade¿, diz.
Para Coleman, a decisão da Agência Nacional do Petróleo (ANP) faz parte de uma tendência global - nos últimos dois anos, empresas de petróleo de Venezuela, Rússia, da África Ocidental e do Casaquistão aumentaram o poder do governo sobre a exploração do petróleo, com elevação de royalties e mudanças nos contratos, entre outras alterações.
Tissot não enxerga semelhanças com Venezuela, Equador e Bolívia. ¿Não vejo um teor nacionalista na decisão, um tom de `o petróleo é nosso¿.¿ ¿O governo brasileiro quer apenas maximizar os lucros da Petrobrás, mesmo que isso não seja necessariamente o melhor para a economia brasileira.¿