Título: BNDES busca mais recursos
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/11/2007, Economia, p. B9

Orçamento de 2008 tem `hiato¿ de R$ 20 bi a R$ 25 bi, diz Coutinho

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está com entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões a menos do que é necessário para atender à demanda de desembolsos para o ano que vem.

Para levantar os recursos, o banco tem mantido entendimentos com o Ministério da Fazenda e admite outras alternativas, como a captação no mercado interno e externo, venda de parte da carteira de ações e repasses de instituições de fomento internacionais.

A diretoria da instituição pretende resolver o problema até meados de dezembro. Segundo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o banco tem garantidos recursos de R$ 50 bilhões para o ano que vem, mas precisa cobrir o que chama de ¿hiato¿. Apesar de reconhecer a diferença para 2008, ele assegurou que não faltarão recursos. ¿Temos absoluta segurança de que ele (o hiato) será coberto¿, comentou Coutinho.

O economista explicou que há entendimentos em curso com a Fazenda. ¿Estão indo muito bem e vamos ver qual o potencial que a gente tem de obter `funding¿ barato, que é o que interessa, mais compatível com a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). A diferença vamos buscar de diversas formas¿, explicou. Além de recursos governamentais, o banco pode captar no setor privado. O economista fez apresentação ontem sobre os resultados do banco na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).

Coutinho e o diretor financeiro do banco, Maurício Borges Lemos, não revelaram as potenciais origens de recursos governamentais. ¿Ainda é cedo para dizer. Não posso dar números de coisas que ainda estão sendo testadas¿, disse Coutinho.¿ Borges Lemos limitou-se a dizer que ¿o governo tem vários lugares com recursos esterilizados¿.

Perguntado se os recursos poderiam vir de rubricas hoje comprometidas com o superávit primário, Coutinho indicou que isso não ocorrerá. ¿Não são recursos contingenciados no superávit. São recursos que ainda não figuram como parte do primário e podem ser remanejados¿, disse, reforçando que a idéia não é ¿pressionar o superávit¿. O economista comentou também que o repasse de recursos ao banco não configura despesa, mas formação de ativos.

O presidente do BNDES explicou que em nenhum outro momento o desembolso do banco foi tão expressivo. Além disso, a diferença entre estoque de projetos aprovados e liberados tem sido grande. Nos últimos 12 meses, as liberações somaram R$ 66,6 bilhões e as aprovações, perto de R$ 89 bilhões.