Título: Alta do petróleo já pressiona inflação
Autor: Pamplona, NIcola
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2007, Economia, p. B1

Embora os preços da gasolina e do diesel se mantenham no mesmo nível há dois anos, a economia brasileira não está passando incólume ao forte aumento da cotação do petróleo no mercado internacional. Óleo combustível, querosene de aviação (QAV) e nafta petroquímica vêm acompanhando de perto a volatilidade externa e já são responsáveis por alguma pressão inflacionária.

A indústria do plástico alerta para o risco de quebra de empresas por dificuldades em repassar a alta das resinas petroquímicas para os produtos finais.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o preço do óleo combustível no Brasil acumula alta de 20,89% ao longo deste ano. Com tendência a aumentar ainda mais, alerta o coordenador de análises econômicas da instituição, Salomão Quadros. Segundo ele, o mercado espera para as próximas semanas o repasse para os preços do óleo combustível das altas do petróleo dos últimos dias. Na sexta-feira, o barril do petróleo atingiu cotação recorde de US$ 95,93 em Nova York.

O óleo combustível é usado por indústrias para aquecimento de fornos e caldeiras ou para geração de calor. Na semana passada, o produto ganhou destaque por substituir o gás natural nas indústrias paulistas, depois dos cortes feitos pela Petrobrás.

Já o querosene de aviação, diz Quadros, apresenta alta de 11,87% no ano, segundo cálculos do Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M). O combustível representa 35% do custo das empresas aéreas e o cenário já pressiona os preços das passagens, segundo especialistas.

Nos cálculos sobre a inflação no varejo, a FGV detectou uma alta de 28,89% no preço das passagens apenas no terceiro trimestre deste ano, também sob impacto da crise aérea, segundo informou o economista da instituição André Braz.

A nafta, produto usado na cadeia do plástico, é outro produto que vem tendo repasses, apesar de os índices de atacado da FGV ainda não terem captado. Segundo o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), o preço do produto cresceu 14,3% até setembro. Dados da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) indicam que a elevação do preço do insumo já é sentida pelas empresas de transformação: o polietileno de alta densidade, por exemplo, subiu 13,8% entre janeiro e setembro; já o polipropileno teve alta de 12% no período.

Quadros, da FGV, calcula que ainda há defasagem no repasse ao setor petroquímico, uma vez que outros combustíveis com preços atualizados tiveram alta maior. Mesmo assim, a Abiplast pede que a Petrobrás reduza o ritmo de repasses, sob o risco de fechamento de pequenas empresas do setor. ¿Estamos espremidos entre grandes fornecedores e clientes, como as montadoras, que não aceitam reajustes¿, afirma o presidente da entidade, Merheg Cachum.

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