Título: 'Fiz minha parte; que o Senado faça a sua'
Autor: Costa, Rosa; Scinocca, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/11/2007, Nacional, p. A4

O senador Jefferson Péres (PDT-AM) disse ontem que cumpriu ¿uma missão nada prazerosa que lhe foi atribuída¿, ao apresentar o relatório em que pediu a cassação do senador Renan Calheiros. No início da noite, ele afirmou ao Estado que, independentemente do resultado do julgamento no plenário, Renan ¿não tem a menor condição¿ de continuar à frente do Senado. ¿Ele perdeu muito de sua força política.¿ Péres não quis arriscar nenhum prognóstico sobre o resultado da votação em plenário.

O senhor acredita que o plenário do Senado vai seguir seu relatório e aprovar a cassação de Renan?

Não estou atrás de mobilizar votos. Fiz meu relatório. Recebi uma missão que não pedi, que não dá prazer, mas que cumpri. E procurei fazer tudo com serenidade e isenção. Eu fiz a minha parte e agora espero que o Senado faça a sua. Não faço nenhum prognóstico. Espero que cada senador vote de acordo com a sua consciência.

Incluindo seu pedido, Renan já teve a cassação recomendada duas vezes. O senhor acredita que, mesmo que seja absolvido, Renan pode voltar a presidir o Senado?

Não. Absolutamente. Renan não tem condição nenhuma de continuar a presidir o Senado e isso eu já disse lá atrás. Ele perdeu todas as condições.

A negociação da CPMF pode servir de moeda de troca com o governo para livrar Renan da cassação?

Eu acho que não. Desde que o Renan se afastou da presidência perdeu muita força. Ele perdeu força política. Não acho que ele tem condições de negociar nada, de pleitear ou fazer trocas.

No período em que o senhor relatou a representação foi chantageado ou pressionado a fazer um relatório diferente do que apresentou?

Não. Não me senti chantageado. A não ser naquele episódio de baixarias contra mim (a divulgação de um relatório antigo da época em que esteve à frente de uma siderúrgica em seu Estado). Mas isso eu nem posso dizer se partiu do Renan. E eu acho que não partiu. Durante todo o processo ninguém nem me perguntou como eu votaria. Nem o Renan, nem os outros senadores. Todos se comportaram muito bem.