Título: FBI apreende tela de R$ 1,5 milhão do acervo de Edemar
Autor: Nogueira, Rui; Moreira, Delmo
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/11/2007, Nacional, p. A12

¿Hannibal¿, de Basquiat, havia sido incluído pela Polícia Federal na ¿lista de alerta vermelho¿ da Interpol

A polícia federal dos EUA (FBI) apreendeu ontem, no Estado de Connecticut, a tela Hannibal, que integrava o patrimônio do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira e está avaliada em cerca de R$ 1,5 milhão.

O quadro, do artista pop norte-americano Jean-Michel Basquiat (1960-1988), havia sido incluído pela Polícia Federal (PF) brasileira na chamada ¿lista de alerta vermelho¿ da Interpol.

O diretor-geral da PF, Luis Fernando Corrêa, foi avisado às 19h da operação dos agentes do Federal Bureau of Investigation. ¿Pegamos uma obra valiosa. Na segunda-feira já começamos a tratar do processo de repatriamento da pintura e esperamos que seja um rito sumário¿, afirmou Corrêa ao Estado, confirmando a apreensão.

O diretor-geral da PF não tinha ontem maiores detalhes sobre as condições em que se deu a apreensão, mas deduziu, pelas informações preliminares repassadas pelo delegado representante da Interpol no Brasil, que deve ter havido uma tentativa de vender a obra de arte nos EUA, mas o comprador pode ter denunciado a operação de venda ao FBI diante da descoberta de que Hannibal estava na relação de bens em ¿alerta vermelho¿.

Pessoas e bens entram no alerta máximo da Interpol - que é uma associação das polícias federais de dezenas de países - quando já existe uma sentença judicial ordenando a detenção ou apreensão.

Connecticut, onde a tela foi apreendida, é um dos menores Estados da federação norte-americana e fica ao norte de Nova York, na região da Nova Inglaterra.

É um Estado com economia especializada na prestação de serviços financeiros e imobiliários, a ponto de a capital, Hartford, ser conhecida pelo apelido de Cidade Seguradora (Insurance City) - tantas são as empresas de seguros com sede na metrópole da costa leste dos EUA.

Edemar Cid Ferreira, ex-proprietário do Banco Santos, que teve a falência decretada em setembro de 2005 com um rombo fraudulento de R$ 2,2 bilhões, era um dos maiores colecionadores de arte do País.

BENS SEQÜESTRADOS

Por ordem da Justiça Federal, em março de 2005 o ex-banqueiro teve os bens seqüestrados, incluindo-se aí a coleção de obras de arte com renomados pintores de várias vanguardas históricas. Tinha uma coleção de arte contemporânea com trabalhos de Basquiat, Henry Moore, Fernand Léger, Torres Garcia, Roy Lichtenstein e muitos outros artistas plásticos.

O que intrigava a PF e a Justiça Federal brasileiras era o fato de que uma dezena de obras de arte estavam sumidas, apesar de terem sido listadas como de propriedade de Edemar Cid Ferreira. A lista de obras, que estava nos computadores do Banco Santos, não batia com a lista apreendida por ordem da Justiça na casa do ex-banqueiro.

Hannibal havia sido leiloada em 1994 e arrematada por cerca de US$ 70 mil. A polícia e a Justiça suspeitam que a tela tenha sido retirada do País antes da falência do banco.