Título: Vale vai participar da 9ª rodada
Autor: Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/11/2007, Economia, p. B6
Mesmo com a retirada de 41 blocos do leilão, companhia manifesta interesse em explorar gás e petróleo no País
O presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, disse ontem que a empresa pretende participar da 9ª rodada de licitação de áreas de exploração de gás e petróleo que será promovida pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), no fim do mês, mesmo com a retirada de 41 blocos do leilão, decidida na semana passada pelo governo. Entre os blocos retirados estão alguns que interessavam à Vale.
¿A gente tinha interesse sim, principalmente naquelas (áreas) mais próximas ao Espírito Santo¿, disse. ¿Agora, o governo tem o poder e o direito de colocar em leilão aquilo que julgar interessante colocar¿, disse Agnelli, depois de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto. ¿Não vou entrar no mérito da avaliação do governo¿, acrescentou.
O empresário informou que está discutindo parcerias com outras empresas para disputar o leilão. ¿Tem outras áreas que a gente está discutindo parcerias, e a nossa intenção é participar da nona rodada, sim¿, disse. ¿A gente tem que disputar como todo mundo disputa normalmente.¿ Agnelli negou que tenha ouvido, na audiência, reclamações do presidente sobre o montante de investimentos da empresa no exterior, em detrimento de projetos no País. ¿Para mim, ele nunca se queixou, não¿, disse. Apesar disso, ele informou que apresentou a Lula números mostrando que, dos US$ 7,5 bilhões de investimentos da companhia neste ano, 80% serão feitos no País.
Em 2008, o investimento total chegará a US$ 11 bilhões, com o mesmo índice para o Brasil. ¿É o maior plano de investimento da indústria de mineração no mundo¿, disse. Agnelli salientou que o único grande projeto da empresa no exterior é o de uma usina de carvão metalúrgico em Moçambique, ainda no papel.
Na entrevista concedida após a audiência, o presidente da Vale voltou a alertar que o País precisa acelerar a produção de energia para garantir o crescimento econômico. ¿Se a gente ficar discutindo se vai ser hídrica, a carvão, térmica ou nuclear, a gente vai perder tempo.¿ Ele criticou a demora para o licenciamento ambiental de hidrelétricas e pediu urgência na construção das usinas do Rio Madeira, em Rondônia.
Agnelli reclamou ainda da ocupação, na semana passada, da Estrada de Ferro Carajás pelo MST, a terceira em menos de um mês, mas disse que não tratou do assunto com Lula. O MST afirmou que o objetivo era chamar a atenção da sociedade para a grande exploração feita pela empresa e o pouco retorno que traz para a sociedade, mas, para Agnelli, a questão é ideológica. ¿A gente está num processo de crescimento muito forte, (por isso) acaba virando vidraça¿, afirmou. ¿A Vale não tem nenhum tipo de relação possível com o MST.¿ Roger Agnelli disse ter tratado com o presidente do caso da Ceará Stell, um projeto conjunto da Vale com a mineradora coreana Dongkuk para a produção de placas de aço no Ceará. Segundo ele, a usina vai operar com carvão mineral.