Título: BR descarta desestímulo ao uso do gás, diz Dutra
Autor: Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/11/2007, Economia, p. B8

Presidente da distribuidora afirma que agirá de acordo com interesses comerciais e garante que não seguirá `orientações por parte de governos¿

A BR Distribuidora pretende continuar atendendo ao crescimento da demanda por gás natural veicular (GNV), apesar do recente alerta do Ministério de Minas e Energia sobre o possível desestímulo ao consumo do combustível. Ontem, o presidente da BR Distribuidora, José Eduardo Dutra, lembrou que a companhia, braço da Petrobrás na área de distribuição, é uma empresa que tem interesses comerciais a cumprir e não atenderá a interesses políticos.

¿Ainda não temos projeção em termos de expansão. Se houver, vai estar intimamente relacionada com o crescimento ou não do mercado, independentemente de novas orientações políticas por parte dos governos¿, disse, após participar do lançamento do programa Disk-Pneu, programa de coleta e reciclagem de pneus usados.

Dutra destacou que a empresa vai analisar a política que será aplicada em cada Estado. Como exemplo, ele citou o primeiro posto da BR inaugurado na semana passada no Distrito Federal. ¿Lá, o posto será abastecido por gás liqüefeito levado por caminhões da Gas Local (joint venture entre a Petrobrás e a White Martins)¿, explicou. ¿A CEBGás (companhia distribuidora local) assinou contrato para a compra de 80 mil metros cúbicos por dia de gás natural¿, acrescentou, lembrando que não foi uma contradição o fato de a empresa inaugurar um posto na mesma época em que o governo falava de crise do gás. ¿Vamos atuar onde houver contrato firme.¿

Para o executivo, a BR Distribuidora ¿é uma empresa que visa ao lucro¿ e não faz política para inibir as conversões para GNV no País. ¿Essa é uma discussão que não cabe à BR. Não vamos fazer política de gás. Somos uma empresa comercial.¿

Ele ressaltou, no entanto, que o mercado de conversões no País está em queda, passando de 2% da totalidade da frota, em 2006, para 1,2% em 2007, o que representa uma retração de 0,8 ponto porcentual. O Brasil tem atualmente 1,4 milhão de veículos convertidos ao GNV.

¿A velocidade das conversões já estava caindo antes dessa minicrise¿, disse, minimizando o problema de fornecimento no Rio de Janeiro e em São Paulo ocorrido duas semanas atrás. Na ocasião, por conta da necessidade de destinar mais gás natural para suas usinas termoelétricas, a mando do Operador Nacional do Sistema (ONS), a Petrobrás reduziu em 2,1 milhões o volume de gás destinado às distribuidoras.

No Rio, a CEG optou por cortar o fornecimento de 89 postos de combustíveis, levando insegurança aos clientes de GNV. ¿A decisão sobre novas conversões é do motorista, que vai analisá-las. E a BR, como é uma empresa que disputa o mercado de distribuição, vai acompanhar esse processo¿, disse Dutra.