Título: Paraguai quer gestão compartilhada de Itaipu
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/11/2007, Economia, p. B9

Governo de Nicanor Duarte cobra voz mais ativa nas decisões sobre a comercialização da energia gerada pela hidrelétrica

O governo do Paraguai quer uma ¿gestão compartilhada¿ da usina hidrelétrica de Itaipu e se queixa das condições de operação estabelecidas no acordo assinado com o Brasil na construção da obra.

Nas próximas semanas, a equipe do presidente paraguaio, Nicanor Duarte, irá debater o assunto com o governo brasileiro com vistas a levar o assunto à cúpula do Mercosul, que ocorre em dezembro.

¿O que queremos é uma co-gestão de Itaipu e que esse compromisso seja pleno¿, afirmou o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Ruben Ramirez. ¿Pedimos a renegociação do acordo de Itaipu¿, disse o chanceler, que conta que alguns pontos, como a taxa de ajustes no pagamento pela energia, já foram resolvidos.

Na prática, o que o governo paraguaio quer é uma voz mais ativa nas decisões sobre a comercialização da energia gerada por Itaipu.

Pelo tratado, cada país tem o direito de usar 50% da produção de energia da usina. Mas os recursos não aproveitados pelo Paraguai são vendidos a um preço abaixo do mercado para o Brasil. Hoje, 98% da energia gerada pela usina acaba abastecendo o Brasil.

Ramirez, que participou ontem de uma conferencia na Organização Mundial do Comércio (OMC), chegou a evitar falar do tema com jornalistas cada vez que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, se aproximava.

¿A questão de Itaipu é algo que o governo paraguaio já deixou claro que precisa ser tratado¿, disse Ramirez. Mas sabemos das dificuldades políticas no Brasil para lidar com o assunto¿, acrescentou.

Questionado se o Brasil deveria primeiro resolver a questão de Itaipu antes de um eventual ingresso na Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), como indicou o presidente Luis Inácio Lula da Silva, o ministro paraguaio apenas gargalhou.

FUNDO

O governo de Assunção ainda quer a criação de um fundo para financiar a atividade de pequenas e médias empresas no bloco.

Na avaliação do Paraguai, esse fundo deveria ser alimentado por recursos dos países mais ricos do bloco, Argentina e Brasil. A idéia é de que a medida poderia ajudar a gerar maior competitividade das empresas paraguaias que exportam apenas US$ 4 bilhões por ano, o mesmo volume que a China exporta em um único dia.