Título: Crédito do BNDES para exportações cai 23%
Autor: Brandão Júnior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/11/2007, Economia, p. B5
Queda nos desembolsos para vendas externas contrasta com expansão de 37% nas liberações totais da instituição nos últimos 12 meses
Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para exportações caíram 23% nos últimos doze meses encerrados em outubro, comparado ao período imediatamente anterior. O fraco desempenho contrasta com a expansão de 37% nas liberações totais da instituição de fomento. Caso a variação negativa se confirme, será o primeiro ano com queda na linha para vendas ao exterior desde 2004.
Entre 2004 e 2006, os financiamentos do BNDES-Exim, que reúne linhas voltadas às exportações, duplicaram, de US$ 3,086 bilhões para US$ 6,032 bilhões. Nos doze meses até outubro, o valor está em US$ 5,059 bilhões. A indústria, que representa 85% do total dos financiamentos às exportações do banco, registra queda de 33% nas liberações.
¿Isso reflete a perda de competitividade das exportações industriais. A balança comercial já mostrou que as vendas externas crescem concentradas em commodities e os manufaturados caem desde o primeiro semestre. O produto industrializado é muito afetado pelo câmbio¿, diz o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Edgard Pereira.
O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, explica que a valorização cambial retira a capacidade de competição do produto manufaturado brasileiro. Na prática, os exportadores não conseguem reajustar os preços em dólar.
Um levantamento da AEB mostra queda em produtos que se destacam na pauta brasileira. As vendas externas de automóveis caíram 9,2% em volume e 2,8% em valor entre janeiro e outubro deste ano. Na mesma comparação, o recuo de calçados foi de 4,5% em quantidade e de 3% em valor. No caso dos aparelhos celulares, de 37,4% e 23,7%, respectivamente, em volume e valor. A entidade estima que a participação dos manufaturados na pauta brasileira deverá fechar o ano em 52%, menor participação desde 1984, quando registrou 51,49%.
Segundo o BNDES, a base de comparação dos financiamentos ao comércio exterior no ano passado foi muito alta. Além disso, o trabalho do Exim este ano foi focado em operações na área de infra-estrutura e integração na América Latina e África. Exemplos disso são os projetos do gasoduto na Argentina, de transporte integrado urbano no Chile (com exportação de ônibus brasileiros) e em Angola (estradas e hidrelétricas), com aprovações de US$ 700 milhões, nesse caso. Essas aprovações vão produzir desembolsos a partir do ano que vem.