Título: Delegado acusado sem provas alerta para excessos da PF
Autor: Recondo, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/11/2007, Nacional, p. A7

Incluído injustamente na Operação Anaconda, ele processou detratores para reparar os danos morais

Luiz Carlos de Oliveira Cesar Zubcov, delegado aposentado da Polícia Federal, amarga um drama pessoal há quatro anos, desde que a PF deflagrou a Operação Anaconda - a primeira grande ação federal do governo Lula - e incluiu seu nome em suposto esquema de venda de sentenças judiciais.

No relatório que encaminhou à Justiça, em outubro de 2003, a Diretoria de Inteligência da PF apontou juízes federais como integrantes de organização criminosa para tráfico de influência e corrupção no fórum federal em São Paulo. E atribuiu a Zubcov um caso de extorsão, mas contra ele não apresentou uma única prova, sequer indícios.

Inocentado, enfim, foi ao ataque. Decidiu processar seus detratores na Justiça, em busca da reparação de danos morais. Algumas ações ele já ganhou. Outras estão em curso. Zubcov trabalhou na superintendência da PF em São Paulo, onde se destacou em missões de combate a fraudadores. Integrou a Delegacia de Polícia Fazendária e a Delegacia da PF de Presidente Prudente. Serviu na Interpol e na Divisão de Combate ao Crime Organizado na sede do departamento, em Brasília.

Aos 53 anos, hoje com escritório de advocacia em Brasília, Zubcov é um homem inconformado. As denúncias infundadas o transformaram num obstinado. ¿Nunca vou desistir do resgate da minha honra.¿ Alerta para abusos e desmandos que operações policiais mal embasadas e precipitadas podem provocar. Janice Ascari, procuradora regional da República em São Paulo, investigou o caso Anaconda, mas não viu nada que pudesse incriminá-lo e não o enquadrou no rol dos denunciados.

Zubcov condena a onda de grampos telefônicos, maior arma da PF. ¿A interceptação telefônica deve ser apenas um reforço a outras provas, mesmo assim quando não houver outro meio. Só ficam fazendo escuta e saem prendendo todo mundo.¿

Em sua avaliação, o maior abuso é a prisão sem prova. ¿Imagina um inocente preso, mesmo que por 5 dias, em caráter temporário. Cria um trauma para o resto da vida no cidadão. A maior violência contra a pessoa é privá-la da liberdade¿, disse.

Ele não foi o único que a Anaconda subjugou sem provas. Ali Mazloum, juiz federal, também foi acusado pela PF por abuso e ameaças, crimes que nunca restaram comprovados. Durante três anos, Mazloum viveu um inferno. Até que o Supremo Tribunal Federal o inocentou e ele pôde reassumir como titular da 7ª Vara Criminal Federal em São Paulo.

Links Patrocinados