Título: Mares Guia é suspeito de acertar caixa 2 para Duda
Autor: Recondo, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/11/2007, Nacional, p. A7

Ele teria recebido R$ 3,8 milhões não declarados na campanha de Azeredo

O ex-ministro Walfrido Mares Guia será alvo, juntamente com o publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, de uma terceira investigação pelo Ministério Público de Minas Gerais a pedido do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza.

Ele será investigado pela suspeita de ter acertado com Duda, que fez a campanha de Eduardo Azeredo (PSDB) em 1998 - o hoje senador tentava a reeleição ao governo de Minas -, o pagamento de R$ 3,8 milhões supostamente com recursos de caixa 2. O valor do contrato foi de R$ 4,5 milhões, mas somente R$ 700 mil foram declarados à Justiça Eleitoral.

Mares Guia deixou as Relações Institucionais na quinta-feira, após ser denunciado por peculato e lavagem de dinheiro por participação no esquema do mensalão tucano. Ele pode ainda ser denunciado pela acusação de ter feito, por meio de sua empresa, empréstimo fictício para pagar o silêncio de Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha de Azeredo, que ameaçava revelar detalhes do esquema.

O dinheiro para pagar Duda teria saído, conforme as investigações, do desvio de recursos públicos e de contribuições de empresas privadas. Esses recursos teriam sido lavados com os empréstimos fictícios feitos no Banco Rural em nome das empresas de Marcos Valério.

¿Esse valor - R$ 4,5 milhões - foi quitado pela cúpula da campanha por meio do numerário injetado criminosamente pelos mecanismos profissionais operados por Marcos Valério, Cristiano Paz (sócio de Valério), Ramon Hollerbach (sócio de Valério) e de Clésio Andrade (candidato a vice)¿, disse Souza na denúncia.

A operação foi confirmada por pelo menos três pessoas: Mourão, Valério e Ramon Hollerbach. Mourão afirmou, em depoimento, ¿que o valor da campanha publicitária foi orçado e pago em R$ 4,5 milhões, sendo parte entregue em dinheiro, cerca de R$ 700 mil, e o restante pago por fora¿.

No caso do mensalão petista, o Ministério Público acusou Duda de ter recebido recursos no exterior, não declarados à Receita. Por isso, na ação penal aberta no Supremo Tribunal Federal, ele responde por evasão de divisas e sonegação.

DEFESA

Mares Guia afirmou que se encontrou com Duda antes da campanha de Azeredo. Ele disse ao Ministério Público que posteriormente recebeu de Zilmar uma minuta com os termos do contrato e a repassou à coordenação de campanha.

Também em depoimento, Zilmar negou ter confeccionado o documento, mas recusou-se a oferecer material para a perícia. Duda disse, por meio dos advogados, que prestará as explicações quando a denúncia for formalizada.

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