Título: Protesto na Venezuela deixa 1 morto
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Fonte: O Estado de São Paulo, 27/11/2007, Internacional, p. A13
Jovem chavista foi baleado durante manifestação da oposição; aumenta crise diplomática entre Caracas e Bogotá
REUTERS E EFE
Um funcionário de uma estatal venezuelana morreu ontem na cidade de Guacara, no Estado de Carabobo, norte do país, durante protestos contra a reforma constitucional proposta pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez. Segundo o vice-presidente Jorge Rodríguez, manifestantes de oposição que bloqueavam uma estrada mataram a tiros José Aníbal Yépez, de 19 anos, que insistiu em romper o bloqueio. Chávez atribuiu a morte a ¿fascistas enlouquecidos¿ que ¿fazem parte de uma campanha da mídia envenenada pela cartilha americana¿, advertindo: ¿Se buscam o caminho da violência, saberemos enfrentá-los e varrê-los das ruas.¿
As manifestações contra a reforma foram reprimidas duramente pela polícia, que prendeu mais de 80 pessoas nas cidades de Valencia e Arágua. Os venezuelanos vão às urnas no domingo para aprovar ou não a reforma constitucional. Uma pesquisa divulgada ontem mostrou que o país está dividido, com 46% dos venezuelanos dispostos a votar contra e 45% favoráveis à aprovação da reforma. Depois de uma dura troca de acusações sobre a mediação venezuelana na libertação dos reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Chávez disse ontem que não vê possibilidade de reconciliação com seu colega colombiano, Alvaro Uribe.
Embora estejam ideologicamente em lados opostos, Uribe e Chávez vinham mantendo uma relação pragmática. Em setembro, o colombiano convidou Chávez para mediar a libertação de reféns em poder das Farc. Semana passada, no entanto, Uribe mudou de idéia e cancelou o papel do venezuelano nas negociações. Inconformado, Chávez partiu para o ataque. No domingo, disse que havia ¿congelado¿ as relações com a Colômbia e qualificou Uribe de ¿mentiroso¿. ¿Quando chefes de Estado chegam a esse ponto, a reconciliação é impossível. Para mim, é preciso esperar um novo governo¿, disse Chávez ontem. Uribe respondeu no mesmo tom. ¿Precisamos de mediadores contra o terrorismo, não de legitimadores do terrorismo¿, afirmou. Álvaro Araújo, chanceler da Colômbia, pediu que Chávez defina o alcance do congelamento de relações: ¿Quero saber o que quer dizer isso.¿
DIPLOMACIA BOLIVARIANA
México: Relações diplomáticas congeladas desde 2005, quando Chávez acusou o então presidente Vicente Fox de ser 'cachorro do império'
Peru: Relação com o presidente Alan Garcia prejudicada por Chávez ter apoiado o candidato derrotado Ollanta Humala nas eleições de 2006.
Espanha: Durante a Cúpula Ibero-Americana no Chile, há duas semanas, o rei Juan Carlos, da Espanha, reage a discurso no qual Chávez criticava o ex-primeiro ministro espanhol José María Aznar. ¿Por qué no te callas?¿, gritou Juan Carlos.
Chile: A presidente Michelle Bachelet manifestou mal-estar pela defesa de Chávez de uma saída para o mar para a Bolívia.
Colômbia: Álvaro Uribe desautoriza Chávez a seguir mediando negociações com as Farc. Segundo Bogotá, Chávez desprezou recomendação de Uribe para que não conversasse diretamente com o chefe do Exército colombiano.