Título: Brasil fabricará novos remédios contra aids
Autor: Formenti, Ligia
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2007, Vida &, p. A32
Desenvolvidos pela Farmanguinhos, medicamentos poderão integrar lista do ministério
O laboratório Farmanguinhos prepara-se para lançar duas drogas de combate à aids. Um dos medicamentos, cujo processo de registro de patente está em andamento, é uma inovação feita a partir de um remédio desenvolvido por um laboratório internacional, comercializado no Brasil por alto preço.
¿Fizemos alterações na molécula. A nova droga terá um custo muito mais baixo para o País, caso seja incorporado ao programa de distribuição¿, contou o diretor do Farmanguinhos, Eduardo Azeredo Costa. O segundo medicamento à espera de lançamento é uma associação de três anti-retrovirais.
Costa afirma que os dois produtos são candidatos a integrar a lista de medicamentos distribuídos pelo Programa Nacional de DST-Aids, do Ministério da Saúde. Mas não é um processo imediato. ¿É preciso um estudo prévio. Mas não temos dúvida de que as duas opções podem trazer ganhos significativos para o programa, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista de conforto para pacientes.¿ A associação de drogas é vista por especialistas como ferramenta importante para facilitar o tratamento e garantir que pacientes tomem de forma adequada a medicação.
O Farmanguinhos não revela nem o nome dos novos remédios nem o laboratório internacional para manter o sigilo industrial da produção e patenteamento.
Além disso, o Farmanguinhos, em conjunto com Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe), também deverá começar a produzir, a partir de maio de 2008, o genérico do Efavirenz, antiaids da Merck Sharp & Dhome que teve sua licença compulsória decretada em maio.
Pela legislação, o País tem até um ano, contados a partir da licença compulsória, para iniciar a produção do medicamento. É isso que agora será feito. Lapefe ficará encarregado de abastecer 50% do mercado; Farmanguinhos produzirá o restante. Ao todo, serão 30 milhões de comprimidos de 600 miligramas por ano. ¿Isso trará uma economia de US$ 20 milhões¿, avaliou Costa.
O diretor acredita que será possível atender ao cronograma. ¿Aguardamos apenas o pedido oficial do Ministério da Saúde para a produção do genérico¿, contou o diretor. Ele afirma que o pedido está atrasado um mês. ¿Mas, por enquanto, a demora não comprometeu o calendário¿, completou.
A produção do genérico será feita em colaboração com laboratórios particulares, encarregados de produzir a matéria-prima. Costa afirmou que, neste primeiro momento, eles precisarão importar algumas substâncias usadas na fabricação, chamados de produtos intermediários. ¿Mas em curto período de tempo, o País terá total independência¿, garantiu Costa.
O anúncio da produção do genérico Efavirenz integra as celebrações do Dia Mundial de Luta contra Aids, lembrado hoje. A epidemia mata diariamente mais de 5.700 pessoas em todo o mundo e contamina outras 6.800. Cerca de um terço de todas as pessoas que convivem com o HIV na América Latina residia no Brasil em 2005.