Título: PCB é autor de ação contra Cunha Lima
Autor: Scarance, Guilherme
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/12/2007, Nacional, p. A4

Mas ele diz que entrega de cheques fazia parte de programa do governo

Integrante de um dos mais poderosos clãs políticos da Paraíba, o governador Cássio Cunha Lima acabou sendo surpreendido pela decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de cassar seu mandato, a partir de uma ação apresentada pelo PCB. O partido alegou que o governador distribuiu 35 mil cheques pela Fundação de Ação Comunitária (FAC), durante a campanha eleitoral de 2006, quando concorria à reeleição. O TRE atendeu ao PCB: decidiu pela cassação do mandato do governador e ainda lhe aplicou multa de R$ 100 mil.

Em sua defesa, Cunha Lima garante que não houve procedimento irregular. Alega que essa distribuição de cheques foi feita dentro de um programa do governo estadual que já existia havia muito tempo - o que descaracterizaria seu uso político.

Quanto ao suposto uso eleitoral do jornal A União na campanha pela reeleição, sustenta que a denúncia não tem fundamento. Afirma que o Ministério Público faz confusão entre propaganda institucional e publicação de matérias jornalísticas sobre ações do governo estadual.

O advogado de Cunha Lima, Delosmar Mendonça, argumenta que o jornal sempre atuou da forma mais técnica possível. Diz ainda que a publicação tem pequena dimensão, baixo número de assinantes e não teria como influenciar no resultado de uma votação que envolveu cerca de 2 milhões de eleitores.

Na verdade, a crise na Paraíba expõe a disputa entre seus dois principais líderes - o governador Cássio Cunha Lima e o senador José Maranhão (PMDB). Cássio é herdeiro político do ex-governador Ronaldo Cunha Lima - ele também pivô de uma grande controvérsia jurídica, depois de renunciar ao mandato na Câmara para evitar que o Supremo Tribunal Federal o condenasse pela tentativa de homicídio de seu ex-adversário político Tarcisio Burity, em 1993.

Cássio Cunha Lima sucedeu Maranhão em 2002 no comando do Estado e o derrotou na disputa pela reeleição no ano passado. No passado, Maranhão foi aliado dos Cunha Lima, mas a disputa por espaço acabou provocando o rompimento entre os dois grupos.