Título: Resultado fraco já era esperado no governo
Autor: Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/12/2007, Economia, p. B3
Desempenho da balança aumenta preocupação da Fazenda com o dólar
A forte deterioração do resultado da balança comercial em novembro aumenta a preocupação de parte da equipe econômica com os impactos da valorização do real em relação ao dólar. Segundo uma fonte do Ministério da Fazenda, o desempenho mais fraco da balança já era esperado pela equipe do ministro Guido Mantega, que está preocupada com a questão cambial e estuda como amenizar o problema. Mas, de acordo com a fonte, a piora na conta de comércio estaria vindo mais rapidamente do que imaginavam o Banco Central e o próprio Ministério do Desenvolvimento, que não demonstram peocupação com a valorização do real.
Mesmo preocupada, a Fazenda sabe que não tem muito o que fazer em relação ao câmbio, embora estude as mais variadas medidas. No entanto, é nula a chance de que medidas ¿não amigáveis¿ ao mercado, como quarentena para capitais financeiros que entrarem no Brasil, sejam adotadas.
O caminho mesmo é o de incentivos de caráter geral e setorial, sobretudo para o setor industrial, por meio de desoneração tributária. Se o dólar abaixo de R$ 1,80 já acentuava o clima de urgência na equipe econômica em relação à adoção dessas medidas, com a deterioração explícita da balança esse senso de urgência fica reforçado.
O problema é que, por mais que se queira antecipar essas ações, a problemática votação da emenda que prorroga a CPMF estanca todo o processo. Com risco não desprezível de ver frustrada uma receita de R$ 40 bilhões, o governo não pode se dar ao luxo de começar a promover reduções de impostos que terão impacto nas contas fiscais de 2008 em diante.
Uma avaliação otimista na equipe de Mantega é que a piora mais acelerada da balança em novembro, que pode se repetir em dezembro, poderá acabar afetando as expectativas do mercado para o indicador e motivar uma alta do dólar.
O professor de economia da PUC-SP, Antônio Corrêa de Lacerda, afirmou que o resultado da balança em novembro mostra que o impacto do câmbio sobre a conta de comércio exterior demora, mas quando aparece, ¿vem de repente¿.
Quando os contratos de longo prazo se acabam e as empresas reduzem sua inserção externa, o impacto vem forte sobre as contas de comércio. Isso porque as empresas levam certo tempo para rever suas políticas de inserção externa e, enquanto cumprem os compromissos feitos anteriormente, a balança parece não sentir o dólar.
-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 04/12/2007 05:01