Título: Usineiros terão R$ 19,7 bi do BNDES
Autor: Chiarini, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/12/2007, Economia, p. B15

Grandes projetos, focados em exportação de etanol, estão no Triângulo Mineiro, em Goiás e em Mato Grosso do Sul

A carteira total do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o setor de açúcar e álcool tem pedidos de financiamento que somam R$ 19,751 bilhões. Desse valor, R$ 10,645 bilhões foram aprovados e R$ 9,106 bilhões são projetos em análise. A instituição estima que os desembolsos ocorram em até três anos.

Só o Departamento de Biocombustíveis (Debio) do banco, criado em agosto, está com 77 projetos, no valor de financiamento de R$ 12,086 bilhões, correspondente a um investimento estimado em R$ 17,3 bilhões.

Desses, 12 projetos que estão em perspectiva se destacam por serem de grande porte, com investimento superior a R$ 300 milhões cada. Eles somam R$ 3,738 bilhões só de financiamento pedido ao BNDES, sem incluir outras fontes de recursos.

¿São de empresas que já nascem focadas em etanol e em mercado externo¿, disse o chefe do Debio, Carlos Eduardo Cavalcanti. Elas estariam se estruturando para exportar principalmente para a Europa e a Ásia. Os novos grandes projetos estão localizados no Triângulo Mineiro, no sul de Goiás e em Mato Grosso do Sul.

O BNDES estima que os projetos de co-geração das usinas de açúcar e álcool na instituição possam produzir 1,4 mil megawatts (MW), cerca de metade da capacidade prevista para a usina de Santo Antônio, a ser construída no Rio Madeira.

O banco está estimulando esse tipo de produção de energia, que hoje responde por entre 5% e 10% das receitas das usinas, segundo Cavalcanti. ¿A co-geração hoje é um terceiro produto, mas a tendência é que cresça e passe a ser o segundo do setor em importância¿, afirmou ele.

Hoje a maior parte dos projetos de co-geração no BNDES trabalham com o preço de referência de venda de energia de R$ 150 por MW/hora, mas os projetos que estão entrando agora estão mirando o mercado a partir de 2010 e 2011.

A moagem de cana deve crescer 100 milhões de toneladas até 2010, 26% superior à da safra 2005/2006, de 382 milhões de toneladas. A carteira total do BNDES inclui, além do Debio, operações automáticas, de mercado de capitais e de infra-estrutura.

Somando tudo, a produção de açúcar e álcool responde por R$ 15,380 bilhões, sendo outros R$ 2,339 bilhões para co-geração de energia elétrica, mais R$ 1,889 bilhão para cultivo de cana e R$ 143 milhões para pesquisa e desenvolvimento.

O banco está apoiando a internacionalização das empresas do setor e está disposto a financiar ¿a exportação de usinas inteiras¿ para a produção de etanol na África e em outros países, informou Cavalcanti. No entanto, ainda não há um caso concreto desse tipo.