Título: 'Novo' pacote para a TV digital usará linha antiga do BNDES
Autor: Cruz, Renato ; Lacerda, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/12/2007, Negocios, p. B20

Linha de crédito anunciada no fim de semana pelo governo pertence ao pacote de R$ 1 bilhão lançado em fevereiro

O financiamento do BNDES para compra de conversores da TV digital, anunciada neste fim de semana pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um aporte de R$ 1 bilhão para o setor é, na verdade, apenas uma modificação no programa, lançado em fevereiro deste ano pelo banco, exatamente com esse valor. O que irá ocorrer agora será a inclusão das redes de lojas no Programa de Apoio à Implementação do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (Protvd), inicialmente destinado apenas aos fabricantes de equipamentos, emissoras e produtores de conteúdo.

Nos dez meses de vigência, o programa quase não foi usado. O único financiamento de fato aprovado e contratado foi de R$ 9 milhões, ou seja, menos de 1% da verba colocada à disposição. Isso colaborou na decisão de criar uma nova destinação para os recursos. O prazo para o programa, assim como seu orçamento, continua o mesmo: até 2013.

A operação aprovada até o momento foi de financiamento de 86% para um investimento de R$ 10,7 milhões do SBT. Agora, o BNDES passa também a financiar a compra de conversores por parte do varejo para a revenda aos usuários da TV digital. A linha segue os moldes do que o banco já vinha fazendo no financiamento à compra de computadores. O objetivo é aumentar a escala de compras do varejo, reduzir custos do crediário ao consumidor e baratear o preço dos conversores, que saem hoje entre R$ 500,00 e R$ 1.000,00.

Um dos motivos para a baixa utilização vem do fato de que os equipamentos de transmissão necessários para esta primeira etapa de expansão do sistema de TV digital em grandes centros, são de grande porte, basicamente importados, o que não é financiado pelo banco.

CONDIÇÕES

O diretor da área de planejamento do BNDES, João Carlos Ferraz, conta que a nova linha foi aberta para que o varejo tenha mais ¿bala¿ nas suas compras, consiga aumentar a escala de compras e obter, com isso, menor preço. O custo da linha para o varejo é de TJLP, hoje em 6,25% ao ano, mais remuneração de 4,5% ao ano. Caso a rede de varejo cobre taxa de juro do consumidor final de até 2% ao mês, a remuneração básica para o BNDES cai para 1%. O prazo do financiamento ao varejo é de 24 meses, com seis de carência.

Ferraz conta que uma das funções da nova linha é ¿puxar o setor pela demanda¿. ¿A lógica é promover um determinado segmento não só pela oferta (financiando a produção de equipamentos e o serviço) mas também pela demanda¿, explicou.

O diretor do BNDES afirmou que espera que a linha seja toda utilizada antes do prazo final previsto para 2013 e antecipou que o banco vai ampliar os recursos conforme a evolução da demanda.