Título: Renan renuncia à presidência e Senado preserva seu mandato
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/12/2007, Nacional, p. A4

Senadores já o haviam livrado uma vez, em setembro Ele jura inocência e diz que parecer do relator foi `indigno¿ Pressão de colegas e cobrança do Planalto, que temia pela aprovação da CPMF, foram decisivas Escolha do sucessor está marcada para quarta Garibaldi é favorito para presidir Senado Restam três denúncias e um inquérito

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) renunciou ontem à presidência do Senado e, quatro horas e meia depois, escapou de novo da cassação em plenário, por um placar amplo: 48 votos pela manutenção do mandato, 29 contra e 3 abstenções. Era acusado de usar laranjas na compra de rádios e um jornal. Em setembro, ele já havia escapado de outra acusação, mas com placar mais apertado. Desta vez, a sessão foi aberta, mas o voto secreto voltou a ajudá-lo.

Logo após a renúncia, Renan jurou inocência. Disse que o parecer do relator, senador Jefferson Péres (PDT-AM), foi um ¿equívoco, para não dizer indigno¿. ¿Ficou claro que não passou de um jogo político. Tanto é assim que mal acabei de ler minha renúncia e o plenário começou a discutir a sucessão na presidência¿, declarou. Na decisão do cacique pesou a pressão dos colegas, mas também a do Planalto, que temia complicações para prorrogar a CPMF.

A sucessão no Congresso será definida na próxima quarta-feira, em sessão marcada pelo presidente interino, o petista Tião Viana (AC). O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), tentou adiar a briga para depois da votação da CPMF, mas não conseguiu. ¿Não faremos acordo¿, avisou o líder do DEM, José Agripino (RN). Por ora, o nome mais cotado é o de Garibaldi Alves (PMDB-RN). Além de ser do PMDB, a maior bancada, ele conquistaria votos na oposição.

Apesar de mais uma vitória, o futuro de Renan está indefinido. Ele tem à frente mais três acusações - de angariar dinheiro em ministérios do PMDB, ordenar a espionagem de adversários e destinar emenda para uma empresa fantasma. Resta, por fim, o inquérito que corre na Procuradoria-Geral da República.