Título: Planalto aumenta pressão sobre dissidentes da base
Autor: Formenti, Ligia
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/12/2007, Nacional, p. A10

A pressão do governo sobre os aliados para que aprovem a CPMF é tão grande que o senador Expedito Júnior (PR-RO) disse que pensa em desaparecer. ¿Desse jeito vou sumir. Volto só no dia da decisão. E meu voto continua sendo não¿, disse ontem, depois de ouvir apelos do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR), do governador de Rondônia, Ivo Cassol (sem partido), e de deputados da bancada.

Cassol aliou-se ao governo e tem a promessa de que, se ajudar a mudar o voto de Expedito, seu Estado receberá investimentos de R$ 470 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O próprio presidente Lula o escalou para ajudar a reverter votos contrários à CPMF.

¿Eu não vou mudar o voto. Já dei declarações contrárias à CPMF¿, insistiu Expedito ontem. ¿Acho que o senador que fizer isso está acabado para sempre. Vão dizer que vendi meu voto, que o governo empregou pessoas ligadas a mim.¿

Outros votos de dissidentes da base que o governo ainda tenta conquistar são os de César Borges (PR-BA), Romeu Tuma (PTB-SP), Osmar Dias (PDT-PR) e Pedro Simon (PMDB-RS). Na oposição, o Planalto investe contra Jayme Campos e Jonas Pinheiro, do DEM de Mato Grosso, e os tucanos João Tenório (AL) e Lúcia Vânia (GO). Nas contas do governo, se as conversas com esses oito senadores renderem dois ou três votos, será possível aprovar a CPMF. Lúcia, por exemplo, é favorável à CPMF, mas sua bancada decidiu votar contra.

¿A situação ainda é apertada, mas vamos conseguir os votos¿, disse ontem o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR). Relator da proposta da CPMF na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), ele apresenta seu parecer hoje, propondo a rejeição das emendas, mas quer deixar a votação no plenário para a semana que vem, para ter mais tempo de conquistar votos.

O problema do governo é que sua base tem 53 senadores - 4 a mais do que os 49 necessários para aprovar a emenda -, mas vários dissidentes. No PR, Borges e Expedito são contra. No PTB, Tuma e Mozarildo Cavalcanti (RR). No PMDB, Geraldo Mesquita (AC), Jarbas Vasconcelos (PE) e Mão Santa (PI) já anunciaram que votam contra. Simon e Dias são dúvidas.