Título: Aécio e Serra não convencem bancada tucana
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/12/2007, Nacional, p. A11

Presidente da sigla garante que todos os senadores do PSDB votarão contra emenda da CPMF

A estratégia do governo de tentar atrair o apoio do PSDB para a prorrogação da CPMF não conseguiu produzir até agora nenhum resultado prático. Na noite de segunda-feira, o governador de Minas, Aécio Neves, recebeu o de São Paulo, José Serra, o presidente da sigla, senador Sérgio Guerra (PE), e o líder da bancada no Senado, Arthur Virgílio (AM), para discutir a possibilidade de o partido apoiar a proposta. Apesar dos argumentos de Aécio e Serra a favor da CPMF, os senadores reafirmaram que não existe clima político para rever a posição contrária à emenda.

Aécio e Serra argumentaram que sem a prorrogação a União perderá a arrecadação anual de R$ 40 bilhões, mas governadores e prefeitos é que arcarão com o prejuízo. ¿Eles acham que isso vai acontecer¿, admitiu Guerra. ¿Mas eu acho que não é bem assim. O governo não vai quebrar sem a CPMF. Ele tem recursos suficientes para cobrir essa arrecadação. A questão é que sem isso o governo vai ter de aprender a controlar seus gastos.¿

Guerra disse que os governadores terão condições de resolver seus problemas financeiros mesmo que o Planalto os pressione para que conquistem votos para a CPMF. Para Guerra, hoje não há espaço político para alterar a decisão da bancada. ¿Os 13 senadores votarão contra o projeto. A bancada fechou questão nesse sentido e não haverá dissidências¿, garantiu.

Ele acha que o governo perdeu a oportunidade de fechar o acordo com o PSDB nas negociações abertas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. ¿Fomos conversar esperando uma proposta concreta, que representasse um avanço real na redução da carga tributária ou no controle de gastos públicos. O governo admitiu apenas abrir mão de uma quantia irrisória na sua arrecadação. Então, nem adianta conversar.¿

Guerra aposta que, se o governo for derrotado, apresentará uma nova proposta que lhe assegure fontes de arrecadação por meio de mais cobrança de tributos. Virgílio e o presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), negociam uma forma de o Planalto voltar a negociar diretamente com líderes tucanos. Aécio apóia a reabertura dessa negociação.

ÚLTIMO MOMENTO

Em Belo Horizonte, Aécio afirmou que tentará até o último dia convencer os senadores a votar a favor do tributo. ¿Eu, Serra, a governadora Yeda Crusius (RS), o Cássio Cunha Lima (PB) e o Teotônio Vilela Filho (AL) temos conversado internamente no partido. É isso que estamos fazendo e vamos conversar até o último dia.¿ E completou: ¿Se houvesse uma proposta mais consistente, mais vigorosa, com mais investimentos na saúde, com desoneração de tributos, algo que realmente permitisse à CPMF se justificar para a sociedade, acho que o PSDB deveria ter a responsabilidade de discuti-la.¿

Em São Paulo, Serra negou ontem que o objetivo do encontro de segunda-feira fosse tentar convencer a bancada tucana a votar a favor da CPMF. ¿Não se trata de uma ação de convencimento. Foi apenas uma troca de idéias, para saber em que pé andam as coisas¿, destacou o governador. MARCELO DE MORAES, JOÃO DOMINGOS, CHRISTIANE SAMARCO, RAQUEL MASSOTE e PAULO DARCIE