Título: Governo decide correr risco e levar CPMF a votação
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/12/2007, Nacional, p. A9

Ordem é enfrentar o plenário na terça, mesmo sem margem de segurança

Mesmo sem a garantia dos 49 votos necessários para aprovar a CPMF, o governo decidiu votar a emenda na terça-feira. Um dos principais líderes governistas reconheceu que levar a proposta a exame do plenário será ¿uma operação de risco¿, mas disse que o Planalto não tem saída. A ordem é tentar reunir entre 50 e 51 votos nos próximos cinco dias e enfrentar o plenário do Senado, mesmo sem margem de segurança.

Em conversa com a cúpula do PMDB, na noite de quarta-feira, o presidente Lula tentou mostrar otimismo no que se refere à conquista de votos e a hipótese de adiar a votação foi descartada. Avaliou-se que protelar o exame da proposta mais uma vez é politicamente inviável, porque daria a impressão de derrota antecipada.

Segundo um dos presentes à reunião, Lula admite a possibilidade de o governo perder a votação. ¿O presidente mostrou que está preparado para cortar despesas, na falta dos R$ 40 bilhões da CPMF no ano que vem¿, afirmou o dirigente peemedebista. Ele disse que Lula já está afiando o discurso contra a oposição no caso de derrota. ¿Se a gente perder, vou ter que explicar ao povo as razões¿, teria dito, mostrando que pretende responsabilizar os adversários pela falta de recursos para a saúde.

O cenário que aponta risco de derrota na CPMF, recheado de números, foi apresentado a Lula pela líder do governo no Congresso, senadora Roseana Sarney (PMDB-MA). Ela fez um balanço dos votos duvidosos na base aliada no Senado, que podem ser trabalhados em favor do governo, e apontou os dissidentes que já podem ser considerados votos perdidos.

No PMDB, foram classificados como ¿irredutíveis¿ contra a CPMF os senadores Jarbas Vasconcelos (PE), Mão Santa (PI) e Geraldo Mesquita (AC). Pedro Simon (RS) já é computado como voto virado a favor do governo. Como a lista das dúvidas na base inclui os senadores do PR Expedito Júnior (RO) e César Borges (BA), a Executiva do partido tentou dar uma ajuda: discutiu com os dois a possibilidade de fechar questão pela CPMF, para forçá-los a votar a favor. Em vez de aceitarem, Expedito e Borges protestaram contra a direção partidária.

MINISTÉRIO

Pelo cronograma do PMDB, votada a CPMF e eleito o novo presidente do Senado, será a hora de cuidar do Ministério de Minas e Energia. A unidade entre as cúpulas do partido na Câmara e no Senado, exibida a Lula quarta-feira, teve por objetivo mostrar a força do partido, que quer de volta o ministério - perdido com a saída de Silas Rondeau, acusado de corrupção.

Já está acordado no partido que a indicação para a vaga caberá a Sarney. A expectativa é de que a bancada de senadores avalize sem restrições o nome de Edison Lobão (MA).

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