Título: PF suspeita que fraude tenha financiado ilha de US$ 6 mi
Autor: Recondo, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/11/2007, Nacional, p. A6
Empresário Marcelo Guimarães, preso na semana passada, é o dono do local, que fica perto de Itaparica
A Polícia Federal descobriu, neste fim de semana, que o ex-presidente do Esporte Clube Bahia e empresário Marcelo Guimarães, preso na Operação Jaleco Branco na semana passada, é proprietário de uma ilha que fica perto de Itaparica, na Bahia. Na avaliação de corretores da região, as terras valem US$ 6 milhões, sem contar as benfeitorias: duas mansões construídas no local e o barco que os agentes encontraram atracado no cais.
Os delegados da PF desconfiam que o imóvel foi comprado com recursos da organização criminosa que desviava dinheiro do orçamento do governo da Bahia e da Prefeitura de Salvador em licitações nos setores de segurança e limpeza. De acordo com estimativas da PF, em dez anos foram desviados R$ 630 milhões dos cofres públicos.
Guimarães foi preso na semana passada e transferido para Brasília. Ele continua detido na carceragem da PF e os delegados pedirão à Justiça que a prisão temporária, que vence hoje, seja prorrogada por mais cinco dias. Os investigadores cogitam ainda a possibilidade de pedir a prisão preventiva do empresário.
Outro empresário que estaria envolvido no esquema de desvio de recursos, Gervásio Oliveira, dono de uma universidade particular na Bahia, é também proprietário de um valioso patrimônio. Os agentes da PF encontraram, na sua casa, quadros dos pintores Picasso, Portinari e Di Cavalcanti. Todos foram apreendidos pelos agentes. Oliveira tem prisão preventiva decretada, mas está foragido.
Com todos os suspeitos de envolvimento no esquema, a PF apreendeu aproximadamente R$ 2 milhões em patrimônio, como carros de luxo, obras de arte, jóias e barcos. Com a descoberta da ilha, o valor subirá. O Estado não conseguiu localizar o advogado de Guimarães.
LIBERADOS
Ontem, a PF soltou 3 dos 17 presos: o presidente do Tribunal de Contas da Bahia, Antônio Honorato de Castro Neto, o empresário Afrânio Matos e a procuradora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Ana Guiomar Nascimento.
De acordo com delegados responsáveis pelo caso, os três já prestaram depoimento e deram todas as informações necessárias para a continuidade das investigações. Por isso, não haveria motivo para mantê-los na carceragem da PF.
Os outros 14 envolvidos, entretanto, continuarão presos por, pelo menos, mais cinco dias. O prazo terminaria hoje, mas a PF vai pedir à Justiça a renovação da prisão temporária dos 14. De acordo com informações da polícia, eles continuarão presos para prestar depoimentos e esclarecer possíveis contradições entre as versões apresentadas aos delegados. Passados os cinco dias, os investigadores cogitam pedir à Justiça a decretação da prisão preventiva de alguns.
A PF tentará, ainda nesta semana, cumprir os últimos três mandados de prisão expedidos para a Operação Jaleco Branco. Os agentes tentam encontrar Gervásio Oliveira e outros dois acusados de envolvimento com a organização.
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