Título: Mercado vê proposta com desconfiança
Autor: Veríssimo, Renata; Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/11/2007, Economia, p. B5

Eduardo Loyo e Cláudio Ferraz, do UBS, duvidam de meta de US$ 10 bi

A proposta de fundo soberano do governo brasileiro vem merecendo uma crescente atenção dos analistas de bancos estrangeiros, que tentam pesar os prós e contras da iniciativa para o País. Pelo menos por enquanto, a reação majoritária é negativa.

Eduardo Loyo e Cláudio Ferraz, do Banco UBS, avaliaram com detalhes o tema, já com a importante informação, veiculada na semana passada, de que o fundo será totalmente separado das reservas internacionais e também do próprio Banco Central.

¿Essa segregação é bem-vinda, pois preserva a integridade das reservas internacionais e evitar misturar duas mentalidades diferentes de investimentos¿, afirmaram em nota para clientes. ¿O lado negativo é que ela altera a tradicional divisão de trabalho no Brasil entre o BC e o Tesouro.¿

Segundo Loyo e Ferraz, com o estabelecimento do fundo, o Tesouro poderá ter muito mais espaço para ¿conduzir um processo paralelo de política de intervenção cambial, desde que obviamente o BC continue interessado em aumentar ainda mais as reservas¿. Se o apetite do BC por reservas desaparecer, ¿então o Tesouro poderia se transformar no agente oficial dominante no mercado de câmbio¿.

Eles demonstraram ceticismo com as informações de que o fundo soberano poderia ter uma meta de US$ 10 bilhões. ¿É razoável suspeitar que esse limite será tão elástico o quanto necessário para poder acomodar objetivos de intervenção cambial¿, disseram os economistas.

FLUXOS ADICIONAIS

Entre os vários aspectos dos fundos soberanos, Loyo e Ferraz salientaram a intenção da compra pelo fundo de ativos emitidos no exterior por empresas brasileiras ou pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que por sua vez usaria os recursos para financiar grupos brasileiros.

¿Isso tende a aumentar a possibilidade de que ocorrerão fluxos adicionais para o País, que compensariam parcialmente o esforço original de tirar das mãos do setor privado doméstico uma oferta excessiva de moeda estrangeira¿, disseram os economistas.

¿Se o fundo soberano se tornar o veículo por meio do qual certas corporações domésticas ou intermediários financeiros captarem financiamentos externos, quando não estiverem inclinados ou em condições de fazê-lo, então os fluxos resultantes disso seriam realmente adicionais.¿

Segundo os analistas, quanto maior a ênfase em fazer com que o fundo soberano seja um facilitador de financiamento externo de empresas domésticas, diretamente ou por meio de instituições financeiras, ¿maior a probabilidade de fluxos adicionais, e mais fraco o efeito de intervenção cambial¿.

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