Título: Demanda por ações da BM&F já supera R$ 20 bilhões
Autor: Dolis, Rosangela
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/11/2007, Economia, p. B6

Forte procura faz bolsa elevar intervalo de preço das ações para R$ 18 a R$ 20

A demanda por ações da oferta pública (IPO) da Bolsa de Mercadorias&Futuros já atingiu entre R$ 17 bilhões e R$ 21 bilhões, ou seja, de quatro a cinco vezes o valor da oferta original (R$ 4,29 bilhões), segundo estimativas do mercado. Por causa da forte procura, a BM&F anunciou ontem à noite a elevação do intervalo de preço por ação, que passou de R$ 14,50 a R$ 16,50 para R$ 18 a R$ 20.

Com isso, a venda pode atingir R$ 5,2 bilhões. Por causa da mudança, a bolsa também deu prazo até as 18 horas de amanhã para que as pessoas físicas que já fizeram reservas alterem sua proposta ou desistam da operação.

O prazo para a reserva do papel não foi alterado e termina hoje. Dificilmente, porém, pessoas físicas que não têm cadastro em corretora conseguirão efetuar a operação. Em várias instituições, as reservas de novos investidores foram interrompidas ontem ao meio-dia.

Operadores explicam que o problema para aceitar reservas por novos investidores é a confecção do cadastro. ¿A média diária de novos cadastros aumentou 150% na semana passada¿, disse um deles. Segundo profissionais do mercado, não há pessoal suficiente nas corretoras para checar o preenchimento de novos cadastros.

O papel poderá ter preço fora do novo intervalo fixado, porque o valor que prevalecerá será a média da oferta feita por investidores institucionais. A ação da BM&F estreará na Bovespa sexta-feira.

Os novos investidores, segundo operadores, dividem-se em dois grupos. Em um, estão os que não compraram ações no IPO da Bovespa e, acreditando que a BM&F vai ter o mesmo sucesso, não querem agora ficar de fora do negócio. A ação da Bovespa subiu 52,13% no primeiro dia de pregão.

No outro, estão os ¿terceiros¿ - cônjuges, filhos, parentes e amigos de investidores -, que emprestam nome e CPF para a aplicação. A estratégia de investidores que recorreram a terceiros é garantir a aplicação do maior valor possível, porque há o receio de que o excesso de demanda leve a uma redução da aplicação por investidor para menos de R$ 10 mil - as pessoas físicas podem reservar entre R$ 5 mil e R$ 300 mil. Na Bovespa, o corte reduziu o investimento máximo a R$ 12.098.

Terceiros estariam também fazendo aplicações pelos investidores não prioritários, ou seja, que participaram de dois ou mais dos quatro IPOs que estão sendo considerados (Bovespa Holding, Amil, Helbor e Laep Investments) e venderam mais de 20% dos papéis adquiridos no primeiro pregão. Esses investidores não prioritários foram excluídos na distribuição de ações da Bovespa e estariam recorrendo agora a ¿terceiros¿ para evitar nova exclusão.

Segundo analistas, é impossível barrar ou detectar esse tipo de atuação. A Comissão de Valores Mobiliários diz que, para agir contra investidores de má-fé, teria de receber uma denúncia, o que não ocorreu.

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