Título: Economistas de SP criticam Ipea
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/11/2007, Economia, p. B12

OEB, Corecon-SP e Fenecon dizem temer pela independência do instituto após troca de economistas

Entidades representativas dos economistas no País divulgaram manifesto chamando a atenção para o risco de cerceamento da liberdade de produção no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A nota, assinada pelo Conselho Regional de Economia (Corecon-SP), Fundação Nacional de Economistas (Fenecon) e Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), foi divulgada dias depois do manifesto de defesa da gestão de Márcio Pochmann no Ipea, subscrito pelo Conselho Regional de Economia do Rio e Sindicato dos Economistas do Rio.

¿Nem nos piores momentos políticos vivenciados no País, inclusive no período da ditadura, tentaram calar o Ipea. O episódio das demissões sinaliza para o temor de que a independência do instituto esteja ameaçada, isso preocupa economistas e entidades que os representam¿, diz a nota.

O presidente do Corecon-SP, Wilson Roberto Villas Boas, explica que as entidades não estão criticando as demissões porque faltam ¿informações para avaliar se tiveram ou não origem de ordem política¿. ¿Temos conhecimento que estavam para acontecer muito antes do Márcio Pochmann (novo presidente do Ipea) entrar. Já havia o rumor de que os economistas não alinhados estavam passíveis de demissão.¿

Segundo o economista, a preocupação é de que haja cerceamento. ¿O pensamento diferente faz parte do debate econômico. Não é a linha estatizante ou privatista que deve prevalecer no instituto¿, disse o presidente do Corecon-SP.

O Corecon-RJ divulgou posição diferente. ¿A mudança no comando do Ipea traduz a nova orientação (embora ainda tímida e incompleta) do presidente Lula no sentido de melhorar os resultados obtidos pelo Brasil em termos de desenvolvimento.¿ O texto diz ainda que é natural que o órgão ¿seja comandado por dirigentes afinados com a nova orientação desejada pelo Governo¿.

¿Com base nesse critério, o que se pode afirmar é não terem os quatro economistas desligados do Ipea jamais se colocado firmemente contra o conservadorismo alienante do Banco Central, traduzido, entre outros fatos, nos altíssimos juros, na sobrevalorização do real e na recusa em intervir na livre movimentação do capital estrangeiro especulativo¿.

Os economistas afastados defendiam a contenção do gasto público. Fábio Giambiagi e Otávio Tourinho saíram sob o argumento de que o convênio entre o BNDES, de onde são, e o instituto havia acabado. Regis Bonelli e Gervásio Rezende porque estavam aposentados e usando as instalações do instituto. O instituto negou que houve critério ideológico.

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