Título: Governador tucano adere a blitz do Planalto no Senado
Autor: Samarco, Christiane; Moraes, Marcelo de
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/11/2007, Nacional, p. A4

Governo reforça mobilização em várias frentes, mas ainda está longe de garantir votos para aprovar CPMF

Na ofensiva pelos votos para aprovar a CPMF no Senado, o governo mobilizou até governadores de oposição. Ontem, o governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, propôs ao senador Cícero Lucena (PSDB-PB), seu companheiro de partido, que se licenciasse do mandato para que o suplente Carlos Dunga, filiado ao PTB, votasse em seu lugar a favor do governo. Cícero Lucena recusou a idéia e manteve a posição contrária a CPMF.

O ataque do governo foi deflagrado em várias frentes, mas ainda está longe de produzir os 49 votos necessários para aprovar a prorrogação da CPMF. Ontem, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que é filiado ao PR, conversou com o senador Expedito Júnior (PR-RO) para tentar convencê-lo a apoiar o projeto. Não teve sucesso na primeira investida.

¿O ministro me perguntou como era a minha posição e se não tinha jeito de mudar. Respondi que continuo do mesmo jeito: contra a CPMF¿, afirmou Expedito, que tem hoje pelo menos um companheiro de dissidência dentro do PR, o senador César Borges (BA).

Em outra frente, o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, filiado ao PR, tentou atrair votos até de senadores de oposição, como Jonas Pinheiro (MT) e Jayme Campos (MT), ambos do DEM, seus aliados no Estado. Como os partidos de oposição fecharam voto contra a proposta, os dois tiveram de dizer não ao aliado. ¿Não voto a favor da CPMF nem que o papa peça¿, garantiu Jayme Campos.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, ficou encarregado de atrair votos entre os senadores do PDT. Por conta disso, reúne hoje a Executiva Nacional do partido para tentar dobrar eventuais resistências na bancada.

RESISTÊNCIA

O novo ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, também tem a agenda cheia. Ontem à noite, jantaria na casa do senador Gim Argelo (PTB-DF) com a bancada do PTB, seu partido. Dos seis senadores do partido, Mozarildo Cavalcanti (RR) e Romeu Tuma (SP) resistem a apoiar a prorrogação da CPMF. ¿Se eu fosse o ministro, também tentaria me convencer. Mas minha decisão está tomada contra a CPMF¿, garante Mozarildo.

Múcio conseguirá, pelo menos, a garantia que o PTB não fechará questão contra a CPMF, o que facilita as negociações dentro do partido. E pode ter conquistado o voto do senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS), que participou das negociações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, em torno de ajuda financeira ao Estado, que enfrenta grandes dificuldades.

¿O governo tem uma causa que é a CPMF. A minha causa maior é o Rio Grande do Sul. Meu voto é diretamente vinculado ao meu Estado¿, explica Zambiasi, recebendo a compreensão dos colegas de bancada. ¿A pressão de apelo regional é terrível¿, reconhece Mozarildo. ¿É forte, mas não é fisiológica.¿

Em outra frente, Múcio levará hoje à noite o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para jantar com a bancada do PMDB na casa do líder do partido, senador Waldir Raupp (RO). A idéia é que o ministro mostre aos senadores do PMDB a importância da aprovação da CPMF.

O líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES), afirma que toda essa mobilização é necessária para evitar a derrota da proposta. Ele defende até o engajamento do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessas articulações.

¿O governo se desarticulou nessa votação. Hoje, não temos votos necessários para aprovar a CPMF. Mas amanhã podemos ter. Agora, o técnico tem de usar todo mundo para ganhar o jogo e o artilheiro Lula tem de entrar em campo¿, disse.

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