Título: Mercadante garante que no plenário vota pela cassação
Autor: Rabello, João Bosco
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/11/2007, Nacional, p. A5

Senador que ajudou a salvar Renan em setembro agora diz que há provas

A bancada do PT no Senado está dividida em relação ao assunto, mas uma de suas principais expressões - eleito com 10,5 milhões de votos -, o senador Aloizio Mercadante (SP), já antecipou que votará pela cassação do mandato do colega Renan Calheiros (PMDB-AL).

Articulador do voto de abstenção da bancada do partido que, há dois meses, salvou Renan do primeiro processo de cassação em plenário, Mercadante afirmou ao Estado que seu voto ontem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), pela constitucionalidade do processo de cassação, deve ser considerada também como decisão de mérito, ou seja, que adotará a mesma posição durante a votação secreta no plenário.

¿Ao contrário da votação de setembro, quando não havia comprovação de que ele se valera de recursos da empreiteira Mendes Júnior, nesse caso está clara a burla à Constituição, que proíbe aos senadores a propriedade, direção ou controle de emissoras de rádio¿, disse.

CUSTO

Abrir o voto que dará em plenário revela o empenho de Mercadante em confirmar a versão dada para a abstenção na votação anterior, decisão que lhe custou desgaste político tão grande que chegou a levá-lo a uma depressão que durou dias. Na ocasião, ele sustentou para uma oposição cética e irônica que o voto de abstenção - para o qual arrastou a bancada do PT no Senado -, não significava convicção na inocência de Renan, mas uma posição pela continuidade do processo, já que o voto pelo ¿sim¿ o arquivaria.

¿Votar não seria absolvê-lo; sim, seria cassá-lo. Como não tinha provas consistentes de que pagara despesas com dinheiro da empreiteira, queria a continuidade das investigações¿, justificou na época.

Os únicos votos conhecidos a favor de Renan agora são os de três aliados incondicionais de Renan, todos do PMDB - Gilvan Borges (AP), Almeida Lima (SE) e Epitácio Cafeteira (MA). O de Mercadante, para redimir-se da participação na absolvição de Renan em setembro, é o primeiro declarado pela cassação. Os demais votos favoráveis ao parecer aprovado na CCJ só indicam a concordância com a constitucionalidade do processo e não servem a previsões sobre a votação em plenário.

O próprio Mercadante fez essa ressalva ontem, ao diferenciar-se do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RO), e da líder do PT, Ideli Salvatti (SC), que também votaram a favor do relatório.

No longo voto, Mercadante foi cuidadoso ao identificar o delito de Renan na compra da emissora JR Radiodifusão e do sistema Costa Dourada de Radiodifusão - prática vedada a parlamentares pela Constituição e pelo Código de Ética do Senado -, não na propriedade de ambas por José Renan Vasconcelos Calheiros Filho. Diz que a condição de pai e filho não pode impedir que um exerça a função de parlamentar e o outro, de empresário.

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