Título: Câmara veta mudança no Sistema S
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/11/2007, Nacional, p. A10

CCJ rejeita emenda que acaba com a obrigatoriedade da contribuição para as entidades mantidas por empresários

A Câmara rejeitou ontem o projeto que acaba com a obrigatoriedade da contribuição para o chamado Sistema S, como se convencionou denominar as entidades mantidas pelos empresários para aperfeiçoamento dos trabalhadores. A proposta de emenda constitucional foi rejeitada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por 46 votos a 8, depois de cerca de cinco horas de discussão, com troca de insinuações entre o presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), deputado Armando Monteiro (PTB-PE), e o autor do projeto, deputado Edmar Moreira (DEM-MG). Moreira, derrotado na votação, informou que já conseguiu 235 assinaturas, mais do que suficientes, para a criação de uma CPI para investigar o Sistema S.

Todas as entidades do Sistema S arrecadam juntas R$ 13 bilhões por ano, segundo dados de Monteiro, com contribuição das empresas calculada sobre a folha de pagamento. A proposta rejeitada ontem será arquivada.

Moreira afirmou que a CNI fez forte pressão sobre os deputados. ¿Eu presenciei uma atuação muito perseverante em termos de aliciamento de deputados com relação a votos. Foi estabelecida aqui uma boca-de-urna.¿

¿CAIXA-PRETA¿

O autor do projeto disse que o Sistema S é uma ¿caixa-preta¿ e não existe transparência em suas contas. ¿O produto da arrecadação tem servido para a acomodação de empresários malsucedidos nos comandos dessas entidades, mediante polpudas remunerações e desmedidas mordomias¿, argumentou Moreira. Na reunião da CCJ, ele citou que o salário de um diretor de entidade do Sistema S é de R$ 21 mil, segundo dados de 2003.

O presidente da CNI insinuou que Moreira tinha interesses não revelados ao apresentar a proposta. ¿Não traria aqui nenhuma informação que pudesse fazer juízo de valor sobre a motivação de vossa excelência com esse projeto¿, disse Monteiro. Ele contou que Moreira estava em disputa judicial com o Sistema S por causa de um débito. O deputado confirmou que suas empresas rejeitaram cobranças que acabaram na Justiça, mas insistiu em que não apresentou a proposta em benefício próprio.

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