Título: 'Ao invés de cortar, ele faz ameaças', reage Demóstenes
Autor: Fontes, Cida
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2007, Nacional, p. A7

Para o senador do DEM, o ¿desespero¿ do Planalto ¿pode descambar para a compra de parlamentares¿

A oposição reagiu ontem aos ataques do presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificando suas palavras como ¿ato de desespero¿ e ¿ameaça¿ ao Senado, pelos riscos de a prorrogação da CPMF não ser aprovada pela Casa. ¿Ao invés de cortar gastos, ele faz ameaças. Senti uma ponta de desespero e isso é perigoso¿, afirmou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Para ele, o desespero do Planalto ¿pode descambar para a compra de parlamentares, já que muitos estão à venda¿.

No Rio, Lula disse que a ¿CPMF é extremamente importante¿ e que, ¿se fizerem estupidez¿, o Brasil pagará o preço.

¿O presidente quer usar o povo, apostando que o brasileiro é ignorante, o que não é verdade. Está dando uma de Chávez (Hugo Chávez, presidente da Venezuela)¿, observou Demóstenes.

O líder do DEM, senador José Agripino (RN), também reagiu com indignação aos ataques de Lula. ¿O presidente está apavorado com a perspectiva de ser obrigado a governar com responsabilidade e sem a gastança imoral que caracteriza seu desgoverno¿, afirmou o líder.

Pelo terceiro dia consecutivo, Lula agrediu diretamente a legenda de Agripino, ao dizer que os partidos políticos não poderiam ficar ¿reféns¿ do DEM, que ¿não tem nada a perder¿. ¿Seria melhor o presidente se calar, por exemplo, a respeito de assuntos como a sonegação de impostos¿, sugeriu Agripino. ¿Ou será que ele esqueceu que, na campanha dele à Presidência da República, o PT, partido dele, pagou ilegalmente R$ 10,5 milhões a Duda Mendonça no exterior sem nada declarar à Receita Federal?¿, indagou.

ERRO

O líder do PDT, senador Jefferson Péres (AM), que ainda está conversando com o governo para votar a emenda da CPMF, também não gostou das palavras de Lula. Segundo ele, o presidente errou e, ao agir assim, só dificulta o processo. Ele disse que Lula está ¿constrangendo¿ os senadores e pediu ao presidente que reconheça publicamente que se excedeu. ¿É constrangedor para quem pretende e tem vontade de votar a favor da CPMF. É constrangedor ouvir declarações como essa do presidente. Se ele reconhecer que excedeu estará contribuindo para o bom relacionamento entre os Poderes e para aprovar uma medida considerada importante para o governo. Foi uma declaração inadequada¿, completou.

Péres disse que na terça-feira terá uma reunião decisiva com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre a CPMF. Ele está condicionando seu voto a iniciativas objetivas do governo para redução de gastos públicos. Mas, até ontem, afirmou que não havia confirmado o horário da conversa.

APERTAR OS CINTOS

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), também chamou Lula à responsabilidade neste momento em que o governo está com dificuldades para aprovar a CPMF. ¿Se a CPMF for mantida, o governo Lula continuará a gastar de forma pouco responsável. E se for mantida, o governo terá de apertar os cintos, coisa que Lula não gosta de fazer¿, afirmou. ¿Não cabe palavras exageradas nesta questão. É melhor para o presidente ter responsabilidade e tranqüilidade.¿

Em defesa de Lula, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), negou que a declaração do presidente seja uma ameaça ou um insulto ao Senado. ¿O problema é que estão fazendo uma disputa político-eleitoral em cima de uma questão estrutural, que vai além dos governos¿, destacou. ¿A CPMF é importante para a saúde, para o Bolsa-Família, para minimizar o déficit da Previdência¿, defendeu.

Jucá advertiu o Senado para que olhe para os problemas do País e fique atento ao cenário internacional, já que a manutenção do tributo, segundo ele, é importante para a estabilidade fiscal e econômica do País. ¿Não é um ataque, mas sim um alerta.¿

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