Título: Governo estuda corte de gastos para atrair PSDB
Autor: Moraes, Marcelo de
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/11/2007, Nacional, p. A6

Ao abrir discussão sobre enxugamento de despesas correntes, Planalto mira também em Pedro Simon, César Borges e parlamentares do PTB

O Palácio do Planalto vai insistir na conquista de votos dos tucanos para tentar aprovar a prorrogação da CPMF até 2011. Depois de, nos últimos dias, ter priorizado as negociações com PMDB e PDT, na semana que vem o governo acenará com a possibilidade de fazer cortes nos seus gastos correntes, medida defendida publicamente pelos tucanos. Estão na mira, também, os votos dos senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e César Borges (PR-BA), além do apoio dos parlamentares do PTB.

O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve fazer contatos pessoais com esses parlamentares. Pelo cálculo do governo, já haveria 50 ou 51 votos a favor da prorrogação da contribuição. Como são necessários 49 votos para que a proposta passe, o Planalto precisa agora investir em uma margem segura de apoio.

Em relação à discussão dos cortes de gastos, na terça-feira os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo, se reunirão com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-AP), e com o líder do PDT no Senado, Jefferson Péres (AM), que também apóia a proposta, para debater o assunto. Não existe ainda uma idéia concreta no governo sobre como seria feita essa redução de despesas, mas Mantega indicou a disposição de mesmo assim negociar.

Nas discussões no Senado, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), sugeriu justamente que Lula fosse à TV anunciar ¿drástico corte¿ nas despesas do governo. ¿Gostaria muito de ouvir o presidente, não fazendo as habituais troças da oposição, não dizendo trivialidades, mas, como chefe de Estado, dizendo estar preocupado com o futuro do País, reconhecendo haver gastos exorbitantes e que vai apresentar, no espaço de 15 dias, um programa de contenção de gastos públicos expressivo¿, afirmou o tucano.

PRESSÃO

Embora PSDB e DEM tenham fechado posição de bancada contra a CPMF, os governadores tucanos têm pressionado intensamente os seus aliados no Senado para obter mais votos a favor da proposta. De acordo com um dirigente do PSDB, o governador de Minas, Aécio Neves, tem liga freqüentemente pedindo que os senadores analisem melhor a situação.

Ontem, o governador de São Paulo, José Serra, afirmou que a discussão sobre a CPMF é ¿relevante¿ e as conversas no partido não foram encerradas (ver abaixo). Outro governador tucano, o paraibano Cássio Cunha Lima, chegou a propor ao senador Cícero Lucena (PSDB-PB) que se licenciasse do cargo para permitir que o suplente Carlos Dunga (PTB) votasse sob orientação do governo.

Com os tucanos na alça de mira, Lula prudentemente poupou o partido dos ataques disparados ontem contra os adversários da prorrogação do imposto do cheque. Disse que são contrários à proposta apenas o DEM - a quem chamou pelo antigo nome de PFL - e os sonegadores de impostos.

O tema de redução de gastos não interessa apenas ao PSDB, mas também a várias bancadas no Senado que resistem a aprovar a renovação da CPMF, por entenderem que o governo já tem receitas demais.

Líderes governistas, como o senador Romero Jucá, alegam que os cortes de despesa só poderiam ser feitos de forma limitada nas áreas de custeio e de folha de pagamento.

AJUDA

O líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), acredita que o avanço nesse tema poderá ser suficiente para dobrar as resistências de senadores ainda contrários à prorrogação da contribuição. ¿Um gesto nesse sentido, ajudaria muito na votação¿, afirma.

Como não sabe qual será a reação do PSDB, o governo não quer se apoiar apenas nesse nicho para conseguir votos extras a favor da CPMF. Depois de conseguir o apoio dos cinco senadores do PDT com a proposta de rever as regras da Desvinculação das Receitas da União (DRU) e favorecer a educação, o governo recuperou o otimismo para a votação da CPMF. ¿A engrenagem está se movendo¿, comemorou Jucá.

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