Título: PM usa bala de borracha em despejo de sem-terra
Autor: Fávaro, Tania
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/11/2007, Nacional, p. A12
Tropa de choque foi acionada para remover 250 famílias em Limeira
Ao menos 800 pessoas foram retiradas ontem pela tropa de choque da Polícia Militar de três acampamentos do Movimento dos Sem-Terra (MST) localizados no Horto Florestal Tatu, em Limeira, a 151 quilômetros de São Paulo. Numa das ações, houve confronto entre policiais e sem-terra. O líder nacional do MST Gilmar Mauro, atingido por um tiro de bala de borracha, foi encaminhado à Santa Casa de Limeira. Segundo o MST, ao menos 20 pessoas ficaram feridas. O major da PM Wagner Facchini admitiu que a polícia usou balas de borracha e bombas de gás contra os manifestantes, mas não confirmou o número de feridos.
Líderes do movimento falaram em ao menos dez sem-terra detidos pela polícia. No fim da tarde, a informação da PM era de que não havia manifestantes presos.
Além de Gilmar Mauro, a Santa Casa de Limeira informou, por meio de assessoria, ter atendido outras duas pessoas que estavam no acampamento, mas eram casos de pressão alta.
Montado em abril deste ano, o acampamento Elizabeth Teixeira estava localizado em uma área de 5 mil metros quadrados pertencente à União. A reintegração de posse foi pedida em maio pela Prefeitura de Limeira, que disputa judicialmente com o governo federal a posse da terra. O juiz Flávio Dassi Vianna, da Vara da Fazenda Pública de Limeira, determinou a reintegração de posse à prefeitura na sexta-feira da semana passada.
A PM informou que líderes dos sem-terra na cidade foram avisados sobre a intervenção policial para a reintegração de posse na terça-feira. ¿É mentira, fomos avisados ontem (anteontem) à noite, por telefone¿, reagiu Cláudia Praxedes, uma das coordenadoras do MST em Limeira. ¿O terreno nem é da prefeitura, como é que eles podem fazer isso, assim, de forma tão irresponsável?¿ A prefeitura informou, por meio de assessoria que, apesar de não ter pago pela terra, um termo de compra e venda foi suficiente para dar entrada no pedido de reintegração de posse.
TENSÃO
O primeiro acampamento, localizado à margem da Rodovia Anhangüera e com aproximadamente cem pessoas, foi desocupado por volta de 6h30, sem resistência, de acordo com informações dos manifestantes e da polícia. O clima ficou tenso quando os líderes do MST souberam da presença dos policiais e informaram ao comando que a desocupação do acampamento central, o maior dos três, com cerca de 600 sem-terra, seria mais difícil.
Por volta de 10h30, um helicóptero da PM sobrevoou o acampamento, enquanto no solo policiais militares entravam em choque com os sem-terra. ¿Os líderes do MST estão tentando tirar as pessoas feridas de lá e nem isso a polícia quer deixar¿, disse Francisco Paulino Alves, líder sindical em Campinas, que ajudava os moradores da ocupação. A polícia nega que tenha impedido o socorro de feridos. A desocupação do terceiro acampamento ocorreu sem nenhum tipo de manifestação. Caminhões da prefeitura fizeram o transporte dos pertences dos moradores até um galpão no Horto Florestal.
BLOQUEIO
Em protesto contra a ação de despejo em Limeira, um grupo entre 150 e 200 integrantes do MST bloquearam a passagem de veículos entre os quilômetros 312 e 314 da Rodovia Anhangüera, em Ribeirão Preto, por pouco mais de uma hora, na tarde de ontem. O protesto dos sem-terra provocou congestionamento de aproximadamente três quilômetros na rodovia.
¿O objetivo era mostrar nossa indignação com o fato ocorrido em Limeira, que foi uma falta de respeito à reforma agrária¿, disse a integrante da direção estadual do MST Kelli Mafort. ¿Atingimos o que queríamos.¿ Os sem-terra bloquearam a pista principal, no sentido capital-interior, e depois a marginal, durante 30 minutos, sem deixar passar nenhum veículo. Cerca de 15 policiais militares e rodoviários acompanharam o protesto, que não registrou incidentes ou confrontos. COLABOROU BRÁS HENRIQUE
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