Título: Serra prega entendimento com recursos para saúde
Autor: Kattah, Eduardo; Henrique, Brás; Fontes, Cida
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2007, Nacional, p. A6

Outro tucano que defende acordo com governo, Aécio vai na mesma linha e cobra alteração ¿revolucionária¿ na proposta, com mais verbas para o setor

O governador de São Paulo, José Serra, disse ontem que ¿torce¿ por um entendimento dentro do PSDB para que seja aprovada a prorrogação da CPMF. Serra afirmou que os governadores tucanos, como ele e Aécio Neves, de Minas, defendem um entendimento em torno da CPMF que permita destinar o maior volume de recursos possível para a saúde. ¿É nessas condições que os governadores do PSDB desejam o entendimento¿, ressaltou ele, sem entrar em detalhes.

¿Espero que possa haver um entendimento que beneficie a área da saúde, que beneficie fortemente, porque o Brasil está precisando de mais recursos na saúde¿, enfatizou o governador. ¿Torço por um entendimento, mas não posso prever o que vai acontecer.¿ E desconversou sobre um possível racha dentro do partido, já que os senadores tucanos se mantêm irredutíveis contra a prorrogação da CPMF. ¿Isso (a aprovação) só será feito se o partido estiver de acordo, e os senadores estiverem de acordo.¿

Em Belo Horizonte, Aécio reforçou o discurso de Serra e cobrou uma alteração ¿revolucionária¿ na proposta da CPMF apresentada pelo Planalto. A reivindicação do mineiro também é por mais repasses para a saúde, controle do crescimento dos gastos públicos e uma ¿sinalização¿ de desoneração de outros tributos.

O governador de Minas também cobrou ¿serenidade¿ na busca de acordo entre o governo e a oposição. Ele se queixou de que os ataques que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem fazendo aos opositores da CPMF só atrapalham e acirram a negociação. E pediu respeito do presidente à visão da oposição.

¿Nós estamos construindo um ambiente favorável à negociação, às conversas. Mas se acirra de um lado, acirra de outro, ganham-se espaços mais radicais¿, advertiu. ¿Será que quando o PT votou contra a CPMF era porque era a favor dos sonegadores ou porque era contra os pobres? Era porque tinha naquele momento uma visão política diferente. É preciso que se respeite a visão da oposição e não a menosprezem.¿

Aécio disse que compreende a resistência dos senadores tucanos, pois eles vivem o dia-a-dia do embate com o governo. ¿E o governo não tem uma boa tradição de cumprir os compromissos que assume conosco. Eu entendo que tem ali (no Senado) uma visão um pouco mais acirrada.¿ Mas voltou a defender a tese de que as discussões se estendam até o prazo final. ¿Isso é da essência da vida pública. Não há espaço para aquele tipo de política que foi feita no passado, inclusive muito contra nós, de que se era contra tudo porque vinha do governo.¿

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, contudo, disse que não há mais como haver diálogo com o governo em torno de mudanças na emenda da CPMF. ¿Agora Inês é morta. O último diálogo que tive com o governo foi com o presidente Lula, que nos chamou de desajuizados¿, afirmou Virgílio, em Brasília. Ele acrescentou que até agora não foi procurado por ninguém e não há proposta que possa alterar a posição do PSDB, que decidiu votar unido contra a CPMF.

¿O que vale é a última palavra do presidente Lula, que nos aconselha a ir ao psiquiatra para consultar, já que não temos juízo¿, ironizou. Para Virgílio, as declarações de ontem de Lula contra os senadores que pretendem votar contra a CPMF foram ¿grosseiras¿ e ¿pouco nobres¿ para um presidente da República.

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