Título: Graacc aposta em parcerias para combater câncer
Autor: Assunção, Moarcir
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2007, Nacional, p. A13

ONG, que tem apoio da Unifesp, recebe dos cofres públicos dois terços do orçamento de R$ 30 milhões

O Grupo de Apoio às Crianças e Adolescentes com Câncer (Graacc), sediado em São Paulo, procura conjugar os esforços de três áreas de saber para constituir seu trabalho, em um modelo americano, que incentiva a participação da sociedade civil. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) entra com o conhecimento técnico, o setor privado se responsabiliza pela gestão e o terceiro setor fornece os voluntários. Com esta conjugação de esforços, é possível manter a ONG, que recebe pacientes, entre 5 e 19 anos, de todo o País.

¿Cada um entra com o melhor que tem a oferecer. A universidade fornece o conhecimento técnico, mas não tem a agilidade da gestão privada e participação organizada dos voluntários também se torna essencial¿, explicou o diretor e um dos fundadores da entidade, o médico Sérgio Petrilli, também professor da Unifesp.

Do orçamento anual na casa, de cerca de R$ 30 milhões, dois terços entram via Sistema Único de Saúde (SUS), Prefeitura e Estado e o restante é obtido em doações de empresas particulares. ¿Não somos uma entidade que vive de pires na mão, temos um orçamento e vamos atrás dos recursos, de forma moderna, sempre atendendo a todos que nos procuram¿, disse Petrilli.

Hoje, o Graacc faz cerca de 1,8 mil consultas por mês e tem 280 crianças e adolescentes - 40% de outros Estados - fazendo quimioterapia. Em 95% dos casos, de acordo com a direção, os atendimentos são feitos pelo SUS.

A idéia surgiu, de acordo com Petrilli, depois que ele, então um médico do Hospital São Paulo, visitou os Estados Unidos e conheceu os hospitais que tratavam de câncer. ¿Vi que era possível fazer algo parecido no Brasil.¿

Aos poucos, a entidade começou a angariar apoios de empresas privadas, além do suporte do Instituto Ronaldo McDonald, que promove o Mc Dia Feliz, quando a renda da venda de um sanduíche, excluídos os impostos, é repassada à entidade. Graças a isso, o Graacc conseguiu construir uma casa de apoio que permite receber as famílias de crianças vítimas de câncer.

Hoje, o câncer é, de acordo com o médico, a terceira causa de morte natural no Brasil entre crianças de 5 a 14 anos, com perspectivas de crescimento. A maior parte dos casos que chegam à entidade são de leucemia e tumores, que podem ser tratados e curados em até 70% dos casos, em prazos de um a dois anos .

Além dos empresários, há os voluntários, que também ajudam a contar a história do Graacc. De acordo com o médico, são 430, ante os 230 funcionários da sede central.

QUIMIOTECA

A pequena Ana Soraya, de 2 anos e 11 meses, moradora de Ourinhos, a 450 quilômetros de São Paulo, se trata há 8 meses no Graacc. Sem cabelos por conta da quimioterapia - feita em uma sala colorida, com livros infantis, revistas e brinquedos, a ¿quimioteca¿ - a menina, de acordo com a mãe, Renata Aparecida Bento, de 26 anos, descobriu há um ano que tinha câncer.

Vaidosa, Ana só reclama de perder os cabelos. ¿E o meu cabelinho, mãe, será que vai crescer de novo?¿, pergunta todo dia. Está se recuperando bem. ¿Tenho esperança de que minha filha nunca mais vai ter problemas com essa doença¿, afirmou a mãe.

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