Título: Uribe dispõe-se a liberar área para negociar troca de presos com Farc
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2007, Internacional, p. A25

Local deve ter cerca de 150 quilômetros quadrados e estar localizado em um espaço rural sem militares

Ap, Afp, Efe e Reuters

O presidente colombiano, Álvaro Uribe, anunciou ontem estar disposto a liberar uma área de 150 quilômetros quadrados - em local que não especificou - para que abrigue as negociações de um acordo humanitário com a guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). No entanto, Uribe segue rejeitando a principal exigência da guerrilha: a desmilitarização de uma área no sul do país, perto das localidades de Florida e Pradera.

¿O governo dispõe-se a aceitar uma zona de reunião que obedeça a algumas considerações: deve ter cerca de 150 quilômetros quadrados e estar localizada numa região rural onde não haja postos militares que precisem ser removidos¿, discursou Uribe, durante um evento militar. As Farc mantêm 45 reféns políticos - incluindo a franco-colombiana Ingrid Betancourt -, que pretendem trocar por 500 guerrilheiros presos.

De acordo com o presidente, a sede do encontro - proposta pela Conferência Episcopal e pela Comissão Nacional de Conciliação - deve estar localizada em uma região, de preferência, sem população civil. O diálogo se realizaria na presença de observadores internacionais. Uribe também anunciou um fundo de US$ 100 milhões destinado ao pagamento de recompensas a guerrilheiros que desertem e libertem reféns.

O ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, informou que a área de diálogo vigoraria por 30 dias e afirmou que o governo pediu ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha que interceda com as Farc para verificar a saúde dos reféns.

Uribe afirmou que o governo ¿faz de tudo¿ para combater a guerrilha, mas que as Farc sempre responderam com ¿assassinatos e mentiras¿. Na proposta - que, segundo analistas, dificilmente será aceita pelas Farc -, o governo insiste que a guerrilha seja representada na negociação por seus principais líderes. E estabelece ainda que seria proibida a entrada de pessoas portando armas na área.

Uribe disse ter autorizado o alto comissário da paz, Luiz Carlos Restrepo, a marcar uma reunião com as Farc para acertar os detalhes do encontro. Entre janeiro de 1999 e janeiro de 2002 o governo colombiano manteve desmilitarizada uma área de 42 mil quilômetros quadrados nos departamentos (Estados) de Meta e Caquetá, no sul do país. O Exército reocupou a área um dia após o seqüestro de Ingrid.

PROVAS DE VIDA

A presidente de uma comissão humanitária do sul do país, Deyanira Ortiz, afirmou ontem que as Farc enviarão em breve novas provas de vida dos reféns. ¿Algumas pessoas com quem conversamos nos disseram que as provas chegarão por meio de (Rodrigo) Granda (considerado o `chanceler¿ das Farc)¿, disse Deyanira.

Ontem, a França informou que funcionários estão em contato com as Farc para ajudar na libertação de Ingrid.

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