Título: Tucanos temem vitória do PT já em 2008
Autor: Domingos, Joao
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2007, Nacional, p. A11

Avaliação é que dinheiro da CPMF daria grande folga a partidos aliados

Para os partidos de oposição, passou a ser uma questão estratégica impor uma derrota ao governo na emenda que prorroga a CPMF. ¿Não vou participar de uma orgia de recursos que vai complicar a situação fiscal do País. Não me chamem para esse bacanal porque não vou participar¿, afirma o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

Dentro do PSDB e do DEM existe a a avaliação que o governo federal pretende usar os R$ 40 bilhões de arrecadação da CPMF para fazer política num ano eleitoral, sem precisar reduzir seus gastos correntes. Assim, com grande folga de caixa para 2008, os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teriam terreno aberto para obter expressivos resultados nas eleições municipais, preparando um cenário favorável para as eleições presidenciais de 2010.

Para Virgílio, não há dúvida de que o governo deseja aprovar a CPMF para não precisar limitar seus gastos num ano eleitoral. ¿Outro dia vi no Diário Oficial que o governo tinha feito a compra de milhares de meias. Eu não sabia que tinha uma centopéia no Palácio do Planalto¿, ironiza.

¿O governo também quer contratar mais 60 mil pessoas em ano de eleição com a população pagando por isso. Eu não concordo. Acho que temos que dar um basta na orgia da carga tributária elevada. Até porque o próximo governo, seja ele de quem for, será ingovernável se não dermos um breque nisso¿, argumenta o líder. ¿Eu não me sinto obrigado a dar ao governo algo de que ele não precisa. Se você não almoçou, é normal que tenha fome. Mas depois de um almoço, o governo quer comer mais. Vamos poupar o estômago desse governo comilão que está mais para Rei Momo do que para atleta olímpico.¿

DESNECESSÁRIA

Os tucanos avaliam também que o fato de o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso ter aprovado a CPMF e utilizado seus recursos não justifica a adesão obrigatória e automática do partido agora. ¿Quando a CPMF foi criada tínhamos uma crise internacional e uma crise fiscal no País. Tanto é que teve o nome de provisória¿, afirma o senador Tasso Jereissati (CE), ex-presidente do PSDB.

¿Efetivamente, a CPMF ajudou o País a sair da crise. Agora não é mais necessária, porque não há crise internacional e a arrecadação de impostos nunca foi tão grande. O PSDB não é contra a CPMF por birra ou picuinhas. É contra porque não é mais necessária¿, diz Tasso.

Para a oposição, impor uma derrota importante ao governo Lula também pode frear as eventuais pretensões do PT de aprovar no Congresso uma mudança constitucional que garanta ao presidente Lula a possibilidade de disputar uma terceira eleição. Sem votos no Senado sequer para aprovar a CPMF, a avaliação de PSDB e do DEM é de que será pouco provável que Lula ou outros integrantes do PT tentem embarcar em um projeto político desse porte.

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