Título: Governo empenha por dia R$ 40 milhões em emendas
Autor: Domingos, Joao
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/12/2007, Nacional, p. A13

Só nos primeiros 4 dias úteis do mês foram autorizados R$ 163,4 milhões

Na guerra para aprovar a emenda da CPMF, o governo acelerou o empenho de emendas orçamentárias, para atrair votos até da oposição. Segundo levantamento da assessoria de orçamento da liderança do DEM no Senado, o governo empenhou apenas nos primeiros quatro dias úteis de dezembro R$ 163.449.358,41 em emendas.

Isso equivale a uma média de R$ 40 milhões por dia. No jargão orçamentário, empenhar emenda significa garantir liberação dos recursos num curto período. Com isso, o governo mantém o ritmo de agrados aos parlamentares, tentando atrair apoio à CPMF.

No mês passado, a promessa de liberação de recurso também foi intensa: foi autorizado empenho de R$ 644.814.286,37 para emendas. Em 2007, essa foi a maior autorização. Representou mais do que o dobro de setembro, de R$ 265.030.101,97, que era o recorde anterior.

O governo nega que haja relação entre o empenho de tantos recursos e a negociação da prorrogação da CPMF. Logo que assumiu Relações Institucionais, José Múcio Monteiro divulgou nota negando que houvesse ligação entre as duas coisas e garantindo que liberações de emendas aconteciam porque havia demanda atrasada.

Ontem pela manhã, ao chegar ao Planalto, Múcio reconheceu que o governo tem dificuldades para atender às demandas dos senadores pois muitas estão centradas em questões estaduais, de solução mais demorada. Ele destacou que a liberação de verba de emendas e a nomeação de indicados por partidos ¿é questão normal da democracia¿ e acontece ¿todos os anos¿. ¿Na realidade, temos errado, todos os governos, porque concentramos a liberação no fim do ano. Mas não tem a ver com a CPMF. Em outros anos, foram liberadas emendas, nomeadas pessoas indicadas e não tinha CPMF.¿

Depois das quatro horas de plantão no Planalto em busca de votos pró-CPMF, Múcio traçou cenário cauteloso a ser apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele negou que o governo tenha um ¿plano B¿, no caso de rejeição da prorrogação, mas admitiu um ¿plano C¿, que seria adiar a votação de terça-feira para quarta, para haver mais tempo de negociação. Lula viaja hoje para Buenos Aires e volta amanhã.

Ontem, Múcio recebeu os senadores peemedebistas Edison Lobão (MA) e Valter Pereira (MS). Também se reuniu com Guido Mantega (Fazenda) e Alfredo Nascimento (Transportes), com o presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), e com os governadores Eduardo Campos (PSB-PE) e Ivo Cassol (RO, sem partido). Quem conversou com o ministro ontem o considerou ¿otimista com moderação¿ e ¿otimista, mas realista¿. Múcio resumiu: ¿Não é coisa simples, a margem é muito pequena para um lado e para outro. Da mesma forma que estamos aqui, os que não desejam aprovar também estão trabalhando.¿

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