Título: Lula reúne-se com colombiano e Brasil oferece ajuda
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/12/2007, Internacional, p. A16

Em entrevista, Uribe declara que seu governo não abre mão do direito de usar força para tentar resgatar Ingrid

AFP, EFE, Reuters e Leonencio Nossa

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, reuniu-se ontem com Uribe por quase uma hora na embaixada do Brasil. Ao sair do encontro, Uribe foi lacônico sobre o caso Ingrid Betancourt e disse apenas que, na conversa com Lula, haviam falado sobre a situação da segurança e dos seqüestrados na Colômbia, tudo de forma ¿prudente¿.

O assessor de Lula para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, admitiu que o Brasil fez uma proposta a Uribe. Mas rejeitou revelar o conteúdo, alegando que a questão deve ser tratada de forma discreta. ¿Cabe ao presidente Uribe divulgá-las¿, explicou. No aeroporto, antes de embarcar de volta ao Brasil, o presidente Lula declarou que ¿vai dar tudo certo, agora a Igreja Católica vai ajudar¿.

À tarde, durante entrevista coletiva, após reunir-se com o primeiro-ministro francês, François Fillon, Uribe afirmou que a Colômbia tem o ¿direito inalienável¿ de considerar o uso da força para tentar resgatar os reféns. O presidente colombiano insistiu que ¿todos os esforços têm sido feitos¿. ¿Tomamos decisões que o mundo já conheceu e vamos ver como avançamos¿, acrescentou. Na semana passada, Uribe acatou uma proposta da Igreja para criar uma ¿zona de encontro¿ para negociar a troca dos reféns das Farc pelos guerrilheiros presos.

GRAMPO

Em Bogotá, o governo colombiano pediu no domingo à promotoria que investigue ¿com rapidez¿ uma intercepção ilegal feita num telefonema de Uribe, ao ex-assessor de imagem da presidência Luis Fernando Herrera Zuluaga. Na ligação telefônica, Uribe repreende Herrera Zuluaga por uma denúncia de que o ex-assessor havia pedido US$ 15 milhões ao empresário Raúl Grajales - acusado por tráfico de drogas - para que sua extradição aos EUA fosse evitada.

¿Estou muito bravo com você e tomara que gravem esta chamada¿, disse Uribe na gravação.

¿E se o vir, vou te dar um tapa na cara, maricas!¿ O telefonema grampeado foi divulgado pelo jornalista Daniel Coronell, primeiro na revista Semana e depois no programa de TV Notícias Uno. Segundo Coronell, um duro crítico de Uribe, o grampo teria sido feito pelo próprio governo. No entanto, o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, negou a acusação do jornalista. ¿Não acredito que a Casa de Nariño esteja interessada em espionar a si mesma¿, disse Santos. O comandante das Forças Armadas, general Freddy Padilla de León, afirmou estar preocupado porque o incidente ameaça a segurança do país.

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